A dermatologista
Dolores Gonzalez Fraga costumava ver passar, ao lado do ambulatório
em que trata da estética de mulheres saudáveis,
pacientes que tinham perdido o cabelo ou ganhado cicatrizes
no tratamento do câncer.
Um dia Fraga teve uma idéia, a de expandir seus conhecimentos
de cosmiatria para
ajudar também quem está doente. O projeto, após
o teste de um ano, ganhou forma: um ambulatório especial
que faz a reabilitação dermatológica
de pacientes com câncer.
O serviço gratuito começa a funcionar hoje na
Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (Grande
São Paulo), que completou 35 anos neste ano. O ambulatório
tem uma equipe que, além de dermatologistas, conta
com esteticistas, fisioterapeutas e professores de educação
física. O intuito é dar solução
ou melhorar problemas dermatológicos de pacientes em
tratamento contra o câncer, como a perda de cabelos
e o ressecamento da pele.
"Não existe ainda uma dermatologia para a oncologia",
afirma Fraga. Um outro objetivo do serviço é
produzir estudos para a área. O ambulatório
tem o apoio da Psiquiatria e da Cirurgia Plástica da
faculdade, para onde serão encaminhados casos que necessitarem
dessas especialidades.
Fraga explica que um dos problemas pouco conhecidos dos pacientes
com câncer em tratamento com radioterapia é a
radiodermite, que deixa a pele extremamente sensível
e vermelha. Segundo ela, é possível prevenir
as alterações com cremes especiais. Para manchas
no rosto, o serviço faz a prevenção com
o aconselhamento de filtros solares.
Muitos pacientes ganham estrias em razão da associação
da quimioterapia -que resseca a pele- com corticóides,
que engordam, explica Fraga. Cremes hidratantes também
podem ajudar na prevenção. Já a perda
temporária de fios das sobrancelhas é disfarçada
com tatuagens de hena. Outros tipos de maquiagem são
disponibilizados às pacientes para encobrir cicatrizes,
além de perucas, fornecidas pela ONG Viva Melhor.
O ambulatório recebeu a doação de aparelhos
que medem a textura da pele, hidratação, elasticidade
e cor, o que permite que também teste a eficácia
dos tratamentos, ajudando no desenvolvimento de novos produtos
da indústria farmacêutica.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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