Dos 42.229
estudantes que entraram nas universidades públicas
de São Paulo no ano passado, 11.824 não vão
se formar. Como cada um deles custa cerca de R$ 25 mil ao
ano, o prejuízo fica em, pelo menos, R$ 295,6 milhões.
Na maior universidade pública da América Latina,
a USP, quase um quarto dos alunos que entram na graduação
não acaba seu curso. Eles abandonam a faculdade porque
descobrem que fizeram a escolha errada, porque precisam trabalhar
ou até porque não conseguiram fazer amigos.
A taxa de evasão, de 22%, é alta e assusta.
Mas está sendo comemorada pela USP. Em 1995, ela era
de 32%. Apenas três anos depois caiu 10%.
Os dados do Acompanhamento da Trajetória Escolar dos
Alunos da USP - Ingressantes de 95 a 98, primeiro levantamento
feito pela universidade para medir sua evasão total,
indicam que o índice de abandono não é
muito diferente da taxa geral no Estado.
Mais de 50%
Para o secretário do Ensino Superior do Ministério
da Educação, Nélson Maculan Filho, o
índice de evasão nas universidades públicas
brasileiras é normal se comparado com os padrões
europeus. "Mas temos alguns cursos com desistência
de mais de 50%, o que é muito ruim para as faculdades."
O MEC não tem dados conclusivos sobre o assunto, mas,
utilizando os números do Censo da Educação
Superior divulgados na semana passada, é possível
chegar a uma estimativa.
O dono da Lobo & Associados - Consultoria em Educação
e ex-reitor da USP, Roberto Leal Lobo, fez as contas. Se pegarmos
o número de alunos que ingressaram no ensino superior
público de São Paulo em 2000 e compararmos com
o de estudantes que se formaram em 2003 (já que a grande
maioria dos cursos de graduação dura quatro
anos), a evasão fica em 28%.
"Os critérios para se medir esse abandono não
são muito definidos", afirma. "Mas dá
para perceber que o prejuízo é grande."
Perdas
Nem as universidades nem os governos sabem exatamente
quanto perdem de dinheiro por causa da evasão. Em 1998,
um estudo do Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior
da USP mostrou que um estudante de universidade pública
no Brasil custava US$ 8,5 mil por ano (cerca de R$ 25 mil).
Como a maioria dos alunos desiste do curso no primeiro ano
- e sua vaga não é preenchida até o ano
seguinte -, o desperdício é de R$ 295,6 milhões.
Esse valor aumenta se o universitário desiste nos anos
seguintes.
"O prejuízo para o governo é muito grande.
Cansei de formar turmas na Unicamp com dez alunos porque a
universidade pública não aproveita bem as vagas
ociosas", conta o ex-reitor da universidade e ex-ministro
da Educação Paulo Renato Souza.
Transferências
"Os exames para transferência são
muito mais exigentes do que as provas internas e, assim, ninguém
entra. Com a vaga parada, o custo do aluno que continua o
curso aumenta, já que os gastos com professores e laboratórios
não diminuem."
A Unicamp tem hoje um índice mais baixo de desistência
do que as demais instituições públicas:
5,04%. Graças, segundo o assessor da pró-reitoria
de graduação, Sigisfredo Brenelli, ao seu vestibular
e às suas bolsas.
"Nosso vestibular, por ser mais reflexivo, seleciona
alunos mais conscientes quanto à escolha profissional",
afirma.
"E outro fato importante é que somos a universidade
que mais oferece bolsas e ajuda alunos carentes, possibilitando
a permanência dos que, por problemas econômicos,
desistiriam do curso superior."
As informações são
da Agência Estado.
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