Uma escola
que dá liberdade para o jovem expressar idéias
e leva em conta suas opiniões, mas não considera
os problemas pessoais e familiares. É a avaliação
da maioria dos alunos do local onde estuda, diz o questionário
socioeconômico do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)
de 2004, ao qual a Folha teve acesso.
Os estudantes também criticam a estrutura das escolas:
62,7% dizem que o acesso a computadores e as condições
dos laboratórios variam de insuficiente a regular.
A mesma avaliação é feita por 35,4% deles
em relação às bibliotecas. As condições
das salas de aula são mais bem avaliadas -51,5% consideram
de regular a bom e outros 23,9%, de bom a excelente.
Por outro lado, os alunos avaliam bem o professor. Mais da
metade considera de regular a bom a dedicação
dos docentes (53,7%) e o conhecimento que têm da matéria
(57,1%), dado próximo ao obtido em 2003, quando os
alunos que fizeram o Enem responderam a 188 perguntas do questionário.
No ano passado, foram 205 perguntas.
No ano passado, 1,002 milhão de estudantes que fizeram
a prova (1,035 milhão) respondeu ao questionário
socioeconômico.
Os dados foram fechados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais), ligado ao Ministério da
Educação. Os resultados não foram separados
por escolas particulares e públicas, englobando as
duas redes.
Entre os que participam do Enem, porém, a maioria é
oriunda de escola pública, e 55,8% têm renda
familiar mensal de um a cinco salários mínimos
-entre R$ 260 e R$ 1.300, atualmente.
Quando a questão trata do futuro, os alunos são
otimistas: 47,1% se consideram preparados para entrar no mercado
de trabalho. Outros 49,6% afirma que pretendem prestar vestibular
e continuar estudando.
Contrariando o senso comum de que o jovem é indeciso,
70,2% dizem já ter escolhido uma profissão.
Os meios de comunicação aparecem como um dos
fatores que mais ajudaram nessa escolha.
"Esse resultado mostra que cada vez mais a educação
não se dá apenas no espaço escolar. É
preciso trabalhar com informações da sociedade",
diz o presidente do Inep, Eliezer Pacheco.
Para Pacheco, secretário da Educação
de Porto Alegre (2001-2002), o poder público terá
de se preocupar cada vez mais com a construção
de políticas educacionais integradas, envolvendo desde
ambiente até segurança.
Essa necessidade de interação também
aparece na pesquisa do exame, quando 56,4% dos estudantes
consideram de insuficiente a regular as iniciativas promovidas
pela escola de realizar excursões e estudos do meio.
Apesar de a nota média dos estudantes no exame ter
sido baixa -37 pontos na rede pública e 54 na particular,
em uma escala de zero a cem-, 44,1% deles consideraram que
o ensino médio ofereceu uma formação
básica necessária para que continuem os estudos
na universidade.
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S. Paulo
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