O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem em Três
Lagoas (MS) o sistema de ciclos no ensino fundamental (1ª
a 8ª série), que chamou de "aprovação
continuada", por considerá-lo uma forma de melhorar
estatísticas, comprometendo a qualidade da escola pública.
Disse ainda que "o povo não está querendo
mais elefante branco".
"É preciso colocar nas estatísticas que
toda criança está na escola. É preciso
mostrar para Unicef [braço das Nações
Unidas para a infância], ONU e todo mundo que toda criança
está na escola. E a qualidade desse ensino? E a qualidade
dessa educação? É isso que vamos começar
a mudar profundamente", afirmou o presidente, na inauguração
de uma termelétrica da Petrobras.
Indiretamente foi uma crítica ao governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002), que incentivou os Estados a
adotarem o sistema de ciclos, previsto na Lei de Diretrizes
e Bases. Ao final da gestão FHC, cerca de 98% das crianças
de 7 a 14 anos estavam matriculadas, mas 60% das que concluíam
a 4ª série não sabiam ler.
O sistema de ciclos substitui as séries tradicionais.
O aluno só pode ser reprovado ao final de duas, três
ou quatro séries. É considerado um avanço
por garantir a permanência e o aprendizado, mas é
visto como tentativa de mascarar a repetência.
"Você não resolve o problema da repetência
anulando um critério de aferição da qualidade
de ensino. Se não, é muito fácil. [É
falar:] eu não quero que tenha repetência porque
vai aparecer o índice do IBGE dizendo que tantas crianças
repetem de ano e ficam ocupando o banco da escola, então
vamos passar direto. Que história é essa?",
questionou Lula.
E completou, ao dizer que tem pedido a ministros a melhoria
de serviços existentes em vez de tentar criar novos:
"O povo não está querendo mais um elefante
branco. O povo está querendo ser atendido com respeito.
Precisamos respeitar o nível de ensino que as crianças
estão tendo em nossas escolas".
Segundo Lula, as escolas particulares, "onde estão
os filhos dos ricos", adotam prova a cada dois ou três
meses e, se o aluno não está bem, tem reforço.
"Se estabeleceu como critério que a criança
vai lá [na particular] para estudar e aprender. Na
escola pública, a criança vai porque tem que
ir."
As informações são
da Folha Online.
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