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paraná
05/04/2004
Inclusão supera preconceito e muda "cara" das salas de aula

As turmas do ensino fundamental no Brasil estão mais democráticas. Desde 1997, quando começou a valer a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), vem aumentando o número de crianças com necessidades especiais que estudam em salas regulares de ensino. O antigo isolamento perdeu espaço para uma política de inclusão que traz vantagens para todos os estudantes.

O número de crianças especiais em turmas regulares no Brasil pulou de 43,9 mil em 1998 para 144 mil no ano passado (alta de 228%). Elas ainda são minoria, cerca de 30% do total de alunos que precisam de apoio extra para a aprendizagem. O aumento foi estimulado pela LDB, mas só foi possível porque dentro das escolas está havendo um trabalho para vencer o preconceito.

"No começo alguns pais de outros alunos pediam para que tirássemos as crianças especiais da escola", conta a diretora da Escola Municipal Nair de Macedo, de Curitiba, Maria de Lourdes Baggio. Hoje, dez deficientes estão inseridos nas turmas do colégio. O processo de inclusão foi estimulado pela Secretaria Municipal de Educação e foi introduzido na escola em 2000. Foram necessários dois anos até que o corpo pedagógico da instituição superasse o preconceito.

A inclusão das crianças especiais nas escolas brasileiras ainda depende bastante da boa vontade de professores e pedagogos. Poucos têm formação específica para ajudar alunos com dificuldades sérias para aprender. "Para que o processo seja mais eficiente, seria necessária uma transformação profunda no nosso modelo de ensino. A aprendizagem deveria incluir mais experimentações e menos cobrança de respostas", defende o especialista em educação inclusiva Paulo Ricardo Ross, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Aceitar as diferenças da criança com deficiência é uma atitude que já muda a cara das salas de aula. Cadeiras de roda e linguagem de sinais encontram espaço. "A diferença é uma vantagem na sala de aula", afirma Ross. Basta respeitar os limites de cada um. A professora Marcela Pellanda, da Escola Nair de Macedo está atendendo pela primeira vez um aluno com síndrome de Down. "Está sendo uma experiência ótima, mas sinto falta de ter estudado mais sobre como lidar com ele", diz ela.

Na rede municipal de Curitiba, o número de crianças especiais atendidas nas salas comuns passou de 252 em 2001 para 465 em 2003. Nem todas as escolas já estão preparadas para a inclusão. "Nossa meta é poder atender toda e qualquer criança", diz a coordenadora de atendimento às necessidades especiais, Maria Tereza Elias. O sistema curitibano tem turmas especiais – para os casos em que ainda não é possível a inserção numa sala comum – e centros de atendimento onde há técnicos como fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Alguns estudantes freqüentam a rede regular e escolas especiais ao mesmo tempo.

"Nossa proposta é que as turmas especiais sejam transitórias, uma adaptação até que a criança possa entrar numa sala comum", explica a gerente de educação especial do município, Carmen Lúcia Pellanda. Para auxiliar os educadores, a secretaria tem um grupo de pedagogos que percorre as escolas. Maria Tereza admite que o sistema de atendimento ainda está em construção. "Dependemos da disposição dos professores e vemos que muitos vêm aceitando a idéia, inclusive participando de cursos de capacitação", diz.

Na opinião da vice-presidente da Associação de Apoio à Criança Deficiente (AACD), Ika Fleury, a entrada de uma criança especial numa turma pode ser um "sofrimento" para o professor que não tem capacitação. "Não houve uma política com cursos para preparar que trabalha na rede de ensino. Eles precisam saber coisas simples, como engrossar um lápis para quem tem pouca coordenação motora, mas que fazem muita diferença", afirma. A inclusão, segundo ela, é um processo irreversível. "O momento é delicado porque deve haver planejamento para garantir a eficiência do modelo."



As informações são da Gazeta do Povo, de Curitiba -PR.

   
 
 
 

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