Quem
se mudou reclama, enquanto IBM e Microsoft esperam benfeitorias
A proposta é que seja um pólo de desenvolvimento
econômico, social e cultural no centro de São
Paulo. Mas por enquanto só há escombros. Lançado
há três anos, o Projeto Nova Luz - que revitalizaria
a Cracolândia - ainda engatinha.
O eixo da proposta é que empresas de tecnologia da
informação, cultura, call center e publicidade
se mudem para uma área de 362 mil m2, atraídas
por incentivos fiscais, e gerem 25 mil empregos. Mas, das
23 companhias que há um ano foram selecionadas em edital
para se instalar na área, apenas 2 se mudaram para
o local e já estão insatisfeitas com a morosidade
da Prefeitura. No mês que vem, será a vez da
terceira se mudar mas só com a metade da equipe porque
teme a "falta de segurança". As demais 21
empresas estão cautelosas com o futuro.
A agência de publicidade Fess?Kobbi foi a primeira
a se mudar, há três anos. A diretora administrativa,
Celene Marrega, afirma que por enquanto não valeu a
pena. "Até alguns meses, estávamos empolgados.
Mas agora parece que o negócio fez água. Não
recebemos nenhum incentivo."
Desde janeiro, o empresário Carlos Alberto Viceconti
está na Rua dos Gusmões. A sua empresa, DigiSign,
ficava em Santana de Parnaíba, na Grande São
Paulo, e optou por se mudar atraído pelos incentivos
fiscais. "Estou chateado com a demora. Só para
assinarmos um documento junto à Prefeitura foram dois
meses." Ele conta que está pagando impostos mais
caros do que se continuasse onde estava.
Neissan Monadjem, da E-Safetransfer, pretendia transferir
toda a empresa do Itaim-Bibi, na zona sul, para o centro,
em setembro. Mas só metade dos empregados vai se mudar.
"Nosso pessoal de desenvolvimento de software deixa o
trabalho tarde e não há a mínima segurança
para eles". Além de pagar aluguel do novo escritório,
o empresário está concluindo uma reforma de
R$ 50 mil no imóvel.
O presidente da BRQ, Benjamim Quadros, investiu R$ 2,5 milhões
na região. Mas só pretende se mudar dentro de
três anos, quando a revitalização estiver
adiantada.
Outra das empresas que consta do edital é a IBM. A
Assessoria de Comunicação, porém, informou
que a corporação não fala sobre projetos
que ainda estão em andamento.
Em nota, a Microsoft respondeu que, "mantidas todas
as condições do edital, tem a intenção
de expandir sua área de Serviços e Desenvolvimento
de Software para a região em 2010". E o Instituto
Moreira Salles, que também consta do projeto, informou
que continua examinando o projeto, "mas em fase inicial".
Jones Rossi
Marici Capitelli
O Estado de S.Paulo
Guarda Civil se muda para a área
na segunda-feira
O secretário de Coordenação das Subprefeituras,
Andrea Matarazzo, garantiu que, em 30 dias, as empresas vão
assinar os contratos que estabelecem as regras para a instalação
na região. Ele disse que a parte mais emperrada do
processo são as demolições.
Para ele, as ações de limpeza, fechamento de
estabelecimentos clandestinos e encaminhamentos dos dependentes
para a saúde, já estão mudando a cara
da Cracolândia. Na segunda-feira, por exemplo, a sede
da Guarda Civil Metropolitana se muda para a Rua General Couto
de Magalhães, com 300 pessoas que serão instaladas
em um prédio de 6 andares totalmente reformado.
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