A violência
estagnou nas capitais e nas regiões metropolitanas
do Brasil, mas aumentou em pequenos e médios centros
urbanos do país. Essa é uma das conclusões
do quarto mapa da violência, realizado pela Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco) e divulgado ontem em
Brasília.
A partir dos números contidos no sistema de informações
de mortalidade, disponibilizados pelo Ministério da
Saúde, o Mapa da Violência IV: os Jovens no Brasil.
Juventude, Violência e Cidadania, mostra que jovens
são as principais vítimas no Brasil.
O levantamento revela que a taxa de homicídio cresce,
em especial, entre a população com idade entre
15 anos e 24 anos. Em 1980, o país registrava 30 homicídios
para grupo de 100 mil pessoas. Em 2002 ocorreram, na mesma
faixa etária, 54,5 homicídios para a mesma proporção.
Enquanto na população em geral os homicídios
representam 62,3% de todas as mortes, nos jovens o percentual
salta para 88,6%.
"A juventude é a principal vítima e, provavelmente,
a principal autora da violência", constata o coordenador
do escritório da Unesco em Pernambuco e responsável
pela pesquisa, Julio Jacobo Waiselfisz.
A mudança geográfica da violência é
outro dado inquietante. De 1993 a 1998, homicídios
cresceram nas capitais e nas regiões metropolitanas.
De 1999 até 2002, porém, ocorreu o contrário:
o crescimento desse tipo de crime no Interior foi maior do
que nos centros.
Conforme o pesquisador e sociólogo, o aparecimento
de pólos de crescimento econômico em cidades
do Interior, os investimentos do Plano Nacional de Segurança
nas capitais, e a melhora da coleta de dados estatísticos
são elementos que, nessa ordem, auxiliam na compreensão
do fenômeno.
"Como existe crescimento econômico em determinadas
regiões e o aumento da repressão nas capitais,
a criminalidade também migrou", constata Waiselfisz.
O levantamento constatou, ainda, que os negros têm
mais chance de ser assassinados do que os brancos.
Se no Brasil como um todo a violência assusta, no Rio
Grande do Sul em particular ela é menos intensa. O
Estado está em 16° no ranking nacional dos homicídios
cujas vítimas têm entre 15 anos e 24 anos. O
dado negativo para os gaúchos, porém, é
o índice de suicídios entre os jovens, o quarto
maior do país.
"Em regiões mais desenvolvidas, é comum
índices baixos de homicídios e altos em suicídios",
conclui.
CARLOS ETCHICHURY
do Zero Hora
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