Ao
contrário do que faz supor a trajetória do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a mobilidade social no Brasil
tem limites e não costuma provocar revoluções
na vida dos cidadãos, afirma Marcelo Neri, professor
da Fundação Getúlio Vargas. "Poucos
mudam muito, e muitos mudam pouco."
Segundo
Neri, a maioria das pessoas costuma ascender um ou dois degraus
na escala social. Lula também é uma exceção
quando se consideram as razões da mudança. "Os
que mudam muito costumam ter mobilidade educacional",
observa o professor.
O grau
de escolaridade é o principal fator de transformação
na situação social, destaca. Os últimos
dados disponíveis, de 1996, mostram que entre os 10%
mais pobres da população, 38% tinham educação
superior à do pai. Na faixa dos 10% mais ricos esse
valor era de 55%. Isso significa que o grau de mobilidade
social era maior no topo da pirâmide, onde a maioria
dos filhos estava em melhor situação que a do
pai.
Com base
na escolaridade, Neri diz que é possível constatar
aceleração no grau de mobilidade social no Brasil.
Na faixa de pessoas com 15 a 20 anos, 79% tinham educação
superior à de seus pais em 1996. O percentual vai diminuindo
na medida em que aumenta a idade. Na população
de 40 a 45 anos ele é de 41%, na com mais de 70 anos,
de 30%. Os dados fazem supor que os mais jovens terão
maior possibilidade de ascensão na pirâmide social.
"O
investimento em educação é o principal
fator no entendimento das diferenças de renda no Brasil",
afirma Neri. Segundo ele, esse é o elemento que explica
não só a desigualdade mas o grau de mobilidade
social.
CLÁUDIA TREVISAN
Da Folha de S.Paulo
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