Uma pesquisa
da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(Pro Teste) colocou os sanduíches vendidos em fast
food na berlinda. O órgão analisou itens como
valor nutricional e higiene dos lanches de carne bovina e
de frango de quatro redes em endereços de São
Paulo: McDonald’s, Bob’s, Habib’s e Giraffas.
Além de encontrar baixo valor nutricional, comprovando
que esse tipo de refeição é um perigo
para quem gosta de substituir o almoço pela alimentação
rápida, o Pro Teste revelou que dos 12 sanduíches
de frango pesquisados sete estavam impróprios para
o consumo. Enquanto a legislação permite 100
coliformes fecais por grama de produto, alguns lanches tinham
até cinco vezes mais esse número.
Nesse caso, o Croc vendido no Giraffas da rua Ana Rosa e
do Center 3, e o Mc Chicken do Mc Donald’s da Avenida
Bandeirantes, do Morumbi e do shopping Market Place, foram
considerados ideais para consumo. Foram reprovados Bob’s
Chicken Salad do Habib’s, da Rua Augusta, do shopping
Plaza Sul e da Avenida Ricardo Jafet, o Franfilé do
Bob’s Morumbi, Ibirapuera e Bandeirantes, e também
o Croc do Giraffas Plaza Sul.
O hambúrguer tradicional apresentou menos problemas
de higiene, só dois estavam fora dos padrões
recomendados. Mas em compensação tinham quantidades
de sal acima do indicado. Para hipertensos, os sanduíches
de carne bovina são um perigo. As análises mostraram
4 gramas de sal por produto. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a quantidade que um adulto
normal deve consumir por dia não ultrapassa 6 gramas.
Quando o assunto é equilíbrio nutricional,
ou seja, a quantidade ideal de nutrientes que um adulto necessita
diariamente, os lanches também perdem feio. Enquanto
uma refeição saudável deve ter entre
30% e 35% de gorduras, os sanduíches apresentaram índices
de 50% (carne bovina) e 41% (frango). “Esses resultados
mostram que é possível comer um sanduíche
a cada 15 dias, mas não dá para substituir a
refeição”, explica a engenheira de alimentos
Maria Carolina Guimarães, coordenadora do estudo do
Pro Teste.
A metodologia usada para a análise, contestada pelas
empresas, foi simples. Em cada loja, como consumidores comuns,
funcionários do Pro Teste comprovam, ensacaram os produtos
e mandaram para análise. “Mostramos o que um
consumidor comum encontraria naquele produto. Não fizemos
uma pesquisa por amostragem”, disse Maria Carolina.
“Isso mostra a realidade daquele momento”, completa.
Fritas
As batatas fritas, complementos para qualquer sanduíche,
também passaram pelo crivo do Pro Teste. A análise
mostrou que o reaproveitamento excessivo do óleo, capaz
de provocar problemas gástricos e de fígado,
continua ocorrendo mesmo nas grandes redes. No quesito degradação
do óleo, três das doze lojas foram eliminadas:
McDonald’s do Morumbi, Bob’s da Bandeirantes e
Habib’s da Ricardo Jafet.
Segundo Ana Paula Randi, subgerente da Vigilância Sanitária
do Município, a maior parte das denúncias referem-se
a problemas de higiene e manipulação de alimentos
em estabelecimentos comerciais. Por mês, a Vigilância
fiscaliza, em média, 400 estabelecimentos entre lanchonetes,
supermercados, bares e restaurantes da Capital. “Temos
agora uma nova legislação que obriga os estabelecimentos
a terem um técnico para cuidar dos padrões de
qualidade”, explica.
De acordo com Ana Paula, a qualidade do óleo não
segue um padrão nos estabelecimentos comerciais. “Mas
as grandes redes costumam ter esse cuidado se compararmos
com outros estabelecimentos”, completa a especialista.
REGIANE MONTEIRO
do Diário de S. Paulo
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