Heitor Augusto
Um centro cultural para abrigar
um novo Museu do Samba Paulista, um barracão para as
14 escolas do Grupo Especial e um teatro para apresentações
musicais de sambistas. Esse é o projeto que Edgard
Gabriel criou para aproveitar o terreno de 211 mil m2, em
frente ao Sambódromo, no Anhembi.
A idéia é que o projeto,
denominado Fábrica do Samba, abrigue atividades culturais
e, ao mesmo tempo, resolva o problema de locomoção
dos carros alegóricos até o sambódromo,
na zona norte. Desenhado em 2007 como um TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso), é uma alternativa ao Fábrica
de Sonhos, lançado ontem, 9, pela prefeitura (leia
abaixo).
O primeiro bloco seria o Barracão,
onde as 14 escolas do Grupo Especial construiriam os carros
e confeccionariam as fantasias. Para Gabriel, o deslocamento
ao sambódromo é o principal empecilho para as
agremiações. “Dependendo da escola, às
vezes é necessário até cortar a fiação
elétrica para a locomoção dos carros
alegóricos”. A Fábrica do Samba, segundo
o arquiteto, resolveria esse problema, devido à proximidade
com o sambódromo.
Nova sede para o museu
O segundo bloco receberia o acervo do Museu do Samba Paulista,
administrado pela Uesp (União das Escolas de Samba
de São Paulo) – que organiza os desfiles da cidade,
exceto o do Grupo Especial (transmitido pela televisão)
e do Grupo de Acesso. Uma das demandas do museu é digitalizar
o arquivo de 70 mil títulos.
“Objetos que as escolas preservam
há anos, mas não têm onde expor, poderiam
ser exibidos no centro cultural, que abrigaria o museu”,
explica Gabriel. O projeto prevê também a construção
de um teatro para apresentações musicais.
A idéia de realizar um TCC
que propusesse uma alternativa às agremiações
do samba surgiu quando Gabriel começou a levar sua
família para conhecer algumas escolas. “O estado
de alguns barracões me deixou triste”, conta.
Mesmo tendo desenhado um projeto para o carnaval paulistano,
ele admite que nunca desfilou – apesar de ter freqüentado
durante todo o ano passado os ensaios da Tom Maior.
Contraponto ao Fábrica
de Sonhos
A prefeitura lançou ontem, 9, a Fábrica de Sonhos,
que vai reunir os 14 barracões das escolas do Grupo
Especial em um terreno
de 77 mil m2 na Marginal Tietê. O projeto da prefeitura
é semelhante à Cidade do Samba do Rio de Janeiro,
localizada na zona portuária.
Na avaliação de
Edgar Gabriel, que projetou o Fábrica do Samba, o centro
lançado pela prefeitura não atende à
principal demanda das escolas: mobilidade dos carros. “A
localização do terreno não resolve o
problema crônico de logística. Escolas como Gaviões
da Fiel, Império da Casa Verde e Barroca Zona Sul sofrem
para transportar os veículos.”
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