O secretário-adjunto da Receita Federal, Paulo Ricardo Cardoso, disse
que a troca de informações sobre os contribuintes
entre a União, os Estados e os municípios vai
ser reformulada neste ano. Com isso, o governo quer aumentar
o combate à sonegação de tributos.
A troca está prevista em um dos artigos da reforma
tributária. Até agora, a Receita vinha fazendo
convênios em separado com alguns governos regionais.
A mudança dará aos sistemas de fiscalização
mais provas para a autuação de contribuintes
em situação irregular.
Além desse intercâmbio, a Receita pretende concentrar
seus esforços no cruzamento de informações
das declarações de Imposto de Renda com as novas
declarações sobre cartões de crédito
e transações imobiliárias.
Criadas no ano passado, essas declarações vêm
reunindo dados sobre os gastos mensais com cartão acima
de R$ 5.000 e sobre a compra, venda e intermediação
de imóveis.
Até o final deste mês, a Receita quer intimar
os primeiros contribuintes que mostraram gastos no cartão
incompatíveis com os rendimentos informados na declaração
de Imposto de Renda. O contribuinte que comprou imóvel
e não declarou também deverá ser chamado.
Campeões de autuações no ranking de
pessoas físicas da Receita, os profissionais liberais
e os dirigentes de empresas continuam entre os grupos que
serão alvo de uma checagem mais fina. "Nós
estamos sempre aperfeiçoando os nossos mecanismos de
fiscalização", disse Cardoso.
A Folha apurou que os sistemas informatizados do governo
já estão preparados para cruzar o CPF (Cadastro
de Pessoas Físicas) dos recibos médicos com
o dos próprios profissionais de maneira sistemática.
Isso porque o CPF do recibo pode ser diferente justamente
para confundir a fiscalização.
Há algum tempo, a Receita também vem apertando
o cerco aos setores de bebidas e fumo por causa das fraudes
verificadas no pagamento de impostos.
Segundo Cardoso, esse trabalho vai continuar neste ano. Apesar
de os valores das autuações crescerem ano após
ano, o pagamento efetivo dos impostos e multas por atraso
não tem evoluído na mesma proporção.
A conversão em renda dos depósitos judiciais
feitos pelas empresas tem caído desde 1999.
Desde dezembro, a Receita vem discutindo com representantes
do Banco Central e Ministério da Justiça como
melhorar os instrumentos de fiscalização e controle.
Além do efeito lógico de reduzir a sonegação,
o governo quer combater mecanismos de lavagem de dinheiro.
Em dezembro, representantes do governo, do Judiciário
e do Ministério Público definiram a Encla (Estratégia
Nacional Contra Lavagem de Dinheiro) para este ano. Na ocasião,
foi criado um grupo de trabalho para elaborar pesquisas e
estudos sobre combate a sonegação.
Os primeiros resultados devem sair em março, mas o
governo descarta o anúncio de um pacote de medidas.
Haverá apenas a adoção de alguns procedimentos
pontuais.
As informações são da Folha de S. Paulo.
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