PARINTINS
(AM)- Quando a exploração da juta (uma planta
nativa da Amazônia, cuja fibra é comercializada
pelos habitantes locais) começou a entrar em decadência
em Parintins (AM), os exploradores do vegetal foram forçados
a se voltar para o único meio de sobrevivência
que havia restado: a pesca nos lagos. Isso, em paralelo com
a sofisticação das técnicas de pescaria
usadas pela população local, colaborou para
um aumento considerável do impacto ambiental. Os moradores
da comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro não
aprovaram as mudança. "Ocorreu uma verdadeira
'invasão' dos lagos, e isso gerou um conflito entre
essa população e as pessoas que chegavam ali",
conta Eraldo Albuquerque Carvalho, morador do local e coordenador
do Grupo Natureza Viva, o Granav.
A formação do Granav foi a solução
encontrada pelos moradores de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro para resolver os problemas de sua região. Eles
se organizaram e, a partir da solidariedade vinda principalmente
dos estreitos laços de parentesco, trabalharam para
defender sua região e reafirmar sua identidade sociocultural.
“No final, o foco do nosso trabalhado acabou ampliado.
A preocupação deixou de ser só com os
lagos para ser com o ambiente em geral”, conta Eraldo.
A história da fundação do Granav, em
1992, e dos 13 anos de sua atuação são
o tema do livro "O Homem em Sintonia com a Natureza".
Escrito por Eraldo em parceria com Floriano Lins e Floriano
Albuquerque, o trabalho foi editado pelo ProVárzea/Ibama
(Programa de Apoio ao Manejo dos Recursos Naturais da Várzea),
um projeto apoiado pelo PNUD. O lançamento ocorre no
próximo dia 27 de fevereiro, mesmo dia do aniversário
do Granav, na comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro.
Além de apresentar a história do grupo, no entanto,
os autores tinham um objetivo maior: mostrar um exemplo de
organização comunitária. “A gente
quer contar nosso trabalho, é claro, mas acima disso
tudo queremos estimular outras comunidades a tomarem iniciativas
parecidas. Queremos que elas vejam a história do Granav
e digam: 'isso é possível'", explica Eraldo.
As informações são
da PNUD Brasil.
|