A população
mais velha está crescendo mais depressa, e a atenção
que pesquisadores e o mercado vêm dando a esse grupo
de pessoas não acompanha esse ritmo. Esse cenário,
contudo, começa a mudar, especialmente na área
de nutrição, um item fundamental para os de
mais idade.
Estudos e iniciativas de universidades e de laboratórios
de empresas estão resultando em alimentos, complementos
ou suplementos que contribuem para a saúde e a qualidade
de vida de pessoas acima de 60 anos.
A nutricionista Mariana Klopfer, da Brazil Sports e Nutricius,
vale-se de teses de especialistas da USP (Universidade de
São Paulo) para dizer que complexos vitamínicos
e protéicos -além do zinco, selênio e
cálcio- neutralizam os radicais livres, responsáveis
pelo envelhecimento.
A Sanavita, uma empresa que trabalha com alimentos especiais,
lançou um suplemento alimentar (Suprinutri Sênior)
que é resultado de estudo de especialistas da USP.
A Nestlé vem comercializando o Nutren Active que -segundo
a empresa- contém 26 vitaminas e minerais, além
de ser fonte de proteínas. Nesse mesmo mercado, estão
laboratórios multinacionais que, especialmente, nos
EUA, têm linhas de suplementos para a terceira idade.
No Brasil, entre outros laboratórios, o Abbott tem
dois produtos (Jevity e Osmolite) que suplementam com vitaminas,
sais minerais e fibras a alimentação de idosos.
Em São Paulo, o 1º Congresso Brasileiro de Nutrição
e Câncer, que acontece de 16 a 19 deste mês, reserva
vários debates à alimentação dos
idosos. A preocupação se justifica. Hoje, há
no país cerca de 15 milhões de pessoas acima
de 60 anos. Em 2025, o Brasil deverá ser o sexto país
com mais idosos.
A boa notícia é que mais pessoas estarão
vivendo mais. A notícia preocupante é que elas
precisam envelhecer com saúde -do contrário,
além de uma velhice triste e sofrida, o sistema de
saúde e o orçamento da Previdência não
resistirão a tal crescimento.
Nessa equação que combina "mais idade com
mais saúde", a alimentação é
fundamental, dizem os especialistas. Os idosos costumam se
alimentar com o mesmo cardápio dos mais jovens. Entretanto
parte deles necessita de alimentos mais macios, já
que não conseguem mastigar uma picanha como faziam
antes.
O problema maior é outro, e nem sempre perceptível,
lembram nutrólogos e nutricionistas: à medida
que se envelhece, o organismo tem mais dificuldade para absorver
os nutrientes.
"Essa condição especial do idoso ainda
não vem sendo tratada com a seriedade necessária",
diz a professora Jocelem Mastrodi Salgado, titular de Nutrição
da Esalq-USP, a Escola de Agricultura Luiz de Queiroz, de
Piracicaba. Sua especialidade é a relação
entre alimento e saúde.
Dan Waitzberg, professor da Faculdade de Medicina da USP e
presidente do 1º
Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer,
diz que a alimentação para idosos ocupará
lugar de destaque no encontro. Ele lembra que essas pessoas
têm dificuldade para mastigar, que precisam de pratos
mais coloridos e atraentes, e que, vivendo sozinhas, elas
não têm motivação para fazer compras
nem preparar suas refeições. "Para um idoso
que se alimenta bem, com frutas e verduras, e que faz exercícios
regularmente, eu não recomendo suplementos. Para aqueles
que estão desnutridos por maus hábitos, por
exemplo, a suplementação será benéfica."
Em todos os casos, Waitzberg recomenda a consulta a um médico
ou um nutricionista.
As informações são da Folha de S.Paulo.
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