SÃO
PAULO - O número de escolas particulares no estado
de São Paulo cresce mais do que o número de
alunos. Levantamento feito pelo Sindicato dos Estabelecimentos
Privados de Ensino do Estado de São Paulo mostra que
entre 1996 e 2003 o número de escolas particulares
cresceu 135%, enquanto o de alunos aumentou apenas 15%.
O estado tem hoje 6.047 escolas privadas de ensino regular
(educação infantil e ensinos fundamental e médio),
das quais 3.193 têm no máximo 100 alunos. No
total, elas têm 1,301 milhão de alunos.
De 2002 para 2003 abriram 541 novas escolas particulares
em São Paulo, das quais 370 oferecem o ensino regular.
O número de estudantes aumentou em 170 mil, mas apenas
24.355 ingressaram em educação infantil ou no
ensino Fundamental e Médio. Os demais foram para escolas
particulares que atuam em outras áreas, como técnicas
ou de educação de jovens e adultos. As escolas
públicas aumentaram em 243 unidades e absorveram mais
190 mil alunos.
"O levantamento mostra que não estamos perdendo
alunos para escolas públicas. A concorrência
entre as escolas particulares aumentou e uma está tirando
aluno da outra. Os pais procuram as escolas que cabem no seu
orçamento", afirma José Augusto de Mattos
Lourenço, presidente da entidade.
Além de perderem alunos para escolas mais baratas,
as escolas particulares enfrentam ainda o problema da inadimplência.
A taxa de inadimplência, que foi de 3% em 2001, passou
para 7% em 2002 e chegou a 10,8% no ano passado.
Roberto Prado, diretor-executivo do sindicato, diz que o
levantamento serviu para derrubar o mito da saída de
alunos para a rede pública, mas é também
um alerta para o setor. Prado diz que o sindicato está
recomendando que as escolas voltem às suas origens.
"Muitas escolas, que surgiram com um bom trabalho no
ensino fundamental, ampliaram seus serviços e passaram
a oferecer também o ensino médio. Quem tiver
problema para adequar custos pode fazer parceria com outras
escolas da área: uma oferece ensino médio, outra
o ensino fundamental", diz ele.
O presidente da entidade explica que as escolas proliferaram
por causa do desemprego. Muitos educadores e até executivos
que perderam seus empregos decidiram investir no setor, abrindo
estabelecimentos de ensino.
"As escolas têm hoje um problema de gerenciamento.
Quem não tiver uma boa análise de custo e deixar
de investir em tecnologia e qualidade vai deixar de existir",
diz Lourenço.
CLEIDE CARVALHO
do Globo Online
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