BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem
a pedir que países ricos e pobres façam um pacto
de combate à exclusão social e à fome
no mundo. Em videoconferência ontem, no encerramento
da Conferência Anual da Rede Parlamentar de Membros
do Banco Mundial, Lula afirmou que esta não é
uma batalha apenas dos países que passam fome:
" Vencer o déficit social dos países pobres
e em desenvolvimento requer a participação de
todos vocês. Só assim o combate à exclusão
vai gerar oportunidades e não mais dependência.
Falta, portanto, erguer uma ponte entre os dois mundos. E
só poderemos erguê-la se construirmos essa ponte
juntos".
Segundo ele, há 1,3 bilhões de pessoas que
vivem com carências básicas. Hoje, afirma o presidente,
57 milhões de latino-americanos vivem com menos de
um dólar por dia e 58% das crianças vivem quase
na extrema pobreza. Para Lula, a globalização
não trouxe a prometida convergência da riqueza:
"Ao contrário. Desequilíbrios históricos
têm se agravado e distorções comerciais
e financeiras continuam a drenar o mundo da escassez para
irrigar o mundo da riqueza. A desigualdade sempre foi medida
por padrões econômicos, mas superá-la
requer decisões políticas".
Cooperação multilateral
Para Lula, trata-se de construir um consenso internacional
para corrigir as assimetrias que têm empurrado países
pobres e em desenvolvimento numa espiral descendente e intolerável.
"É mais sensato evitar que esses países
se obriguem a escolher, mais cedo ou mais tarde, entre a asfixia
e o desespero. O melhor caminho é o da cooperação
multilateral".
Lula lembrou a reunião no dia 30, em Genebra, na Suíça,
para discutir maneiras de tentar erradicar a fome no mundo.
"A fome, a miséria não são situações
imutáveis ou irremediáveis. Acreditamos que
os recursos financeiros para combatê-la podem ser obtidos,
uma vez mobilizada a necessária vontade política".
Segundo o presidente, no encontro foram sugeridas ações
concretas, como a criação de um grupo para estudar
propostas sobre fontes de financiamento para um fundo multilateral
de combate à fome. Lula citou como exemplo a taxação
sobre certas transações internacionais, como
o comércio de armas e fluxos financeiros, em especial
os que usam paraísos fiscais.
"Esse grupo técnico deverá elaborar um
relatório, para contribuir com os trabalhos da reunião
de líderes mundiais que estamos propondo para os primeiros
dias da próxima Assembléia Geral das Nações
Unidas, em setembro".
As informações são do jornal O Globo.
|