Violência
prejudicou o estado de São Paulo no ranking de uma
pesquisa da Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura), que avaliou educação, renda e saúde
dos jovens brasileiros de 15 a 24 anos. São Paulo ficou
em 4º lugar na lista das 27 unidades federativas, atrás
de Santa Catarina, do Distrito Federal e do Rio Grande do
Sul. A classificação só não foi
pior porque os índices de renda e de educação
foram considerados satisfatórios, diferentemente dos
de saúde.
“Não fomos surpreendidos com a colocação
de São Paulo no ranking nacional. Já sabíamos
que as mortes violentas trariam algum tipo de impacto”,
disse o sociólogo Julio Jacobo, da Unesco. A pesquisa
usou dados do IBGE, do Ministério da Saúde e
do Ministério da Educação e será
repetida a cada dois anos.
Os índices de saúde foram desanimadores: o
estado foi parar no 20º lugar na lista, que levou em
conta mortes por enfermidades e violência. Isso porque,
a cada 100 mil jovens paulistas, 111,7 são assassinados.
“Meu primo foi morto na porta de casa aos 16 anos. Foi
vingança de algum traficante”, contou Rodrigo
Gameleira, de 21 anos. Em número de mortes por causas
violentas, São Paulo perdeu para o Rio de Janeiro,
Pernambuco, Roraima e Espírito Santo. No caso das doenças,
o índice é de 36,6 mortes a cada 100 mil jovens,
o que colocou o estado no sexto lugar.
Na área educacional, São Paulo se classificou
entre os quatro melhores do país, com a segunda menor
taxa de jovens analfabetos (1,1%), ficando atrás apenas
de Santa Catarina (1%); e com a terceira colocação
no quesito escolarização adequada. No estado,
36,4% dos jovens cursam o 2º grau ou o nível superior.
“Quero terminar o colegial e depois fazer um curso de
telemarketing”, disse a estudante Patrícia Claudino,
de 16 anos, que está grávida de 5 meses.
A renda familiar per capita dos jovens de São Paulo
também é uma das maiores do Brasil. Com 2,2
salários mínimos per capita, o valor só
é superado pelo do Distrito Federal, que alcança
2,5 salários mínimos. No entanto, a pesquisa
da Unesco revelou uma grande diferença entre a renda
do jovem branco (2,48) e do jovem negro ou pardo (1,3) no
estado.
INGRID GRIEBEL
do Diário de S.Paulo
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