Alan
Meguerditchian
especial para o GD
"Um galo sozinho não tece um amanhã".
Foi brincando com o verso do poeta João Cabral de Melo
Neto que a doutora em filosofia da educação
pela Universidade de São Paulo (USP), Terezinha Rios,
abordou a educação integral na mesa-redonda
Projetos Pedagógicos - A educação integral
e os arranjos possíveis, durante o seminário
Tecendo Redes para a Educação Integral, que
acontece em São Paulo.
Para a educadora, a união é necessária
não só para a construção de projetos,
mas para torná-los realidade. "Muitos de vocês
[educadores] vêm com o desejo de saber uma receita,
mas não posso dá-la. É preciso um grande
esforço para conseguir levar um projeto ideal para
a realidade, fazendo os arranjos possíveis. Isso não
está pronto, deve ser inventado e envolvendo todos",
explica. Caso isso seja conquistado, o termo educação
integral, pleonasmo para a filósofa, deixaria de ser
usado, pois a obtenção de conhecimento estaria
em todas as atividades. "A educação ou
é integral, ou não é educação",
acredita.
Neste sentido, a museóloga, Adriana Montara, trouxe
sua experiência para a discussão. "Muito
se fala sobre levar espetáculos para cidades do interior
que não têm teatro ou cinema. Mas isso não
é suficiente. É necessário formar platéias,
criar a cultura para o uso da cultura". Apesar do diagnóstico,
a estudiosa em museus não vê uma solução
a curto prazo. "Temos cerca de dois mil museus no Brasil,
mas a maioria concentrada nas grandes cidades. É complicado
falar o que é preciso fazer, se não existem
museus nas cidades", lamenta.
Apesar do pessimismo, Montara citou o exemplo do Museu da
Maré, construído pelos próprios moradores
da comunidade carioca da Maré e inaugurado em maio
de 2006. "As pessoas decidiram por si mesmas preservar
e valorizar a história e o patrimônio da comunidade.
Alguns especialistas propuseram parcerias, mas eles quiseram
continuar sozinhos e conseguiram formar um museu comunitário
por excelência".
Por fim, a doutora em educação pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Sandra Corazza, identificou
na herança da educação tradicional um
elemento sobre o qual deve-se inovar. "Não podemos
negar a tradição, mas podemos inovar. Quando
vocês [educadores] reclamam que os alunos não
dão a devida atenção para aula, vocês
se questionam se aquilo que está sendo passado é
merecedor de atenção".
Apenas
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