Diante
das dificuldades em aprovar o aumento de tributos previsto
na medida provisória 232, o ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) fechou ontem um acordo com o presidente da
Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), para votar um texto
com diversas alterações sugeridas por deputados.
A maior parte delas já havia sido negociada e anunciada
pelos relatores da MP, após negociações
com a Receita Federal nas últimas duas semanas.
Uma das mudanças prevê que as empresas prestadoras
de serviços optantes pelo lucro presumido que destinarem
pelo menos 20% do faturamento para pagamento de pessoal não
terão a base de cálculo da CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido) e do IR (Imposto de Renda)
elevada de 32% para 40% da receita bruta.
O governo também concordou em atenuar as restrições
de recursos ao Conselho de Contribuintes, que examina a contestação
dos contribuintes contra as cobranças feitas pela Receita
Federal.
Produtores rurais
Outra modificação já acordada beneficia
produtores rurais: eles vão pagar IR na fonte apenas
nas vendas mensais acima de R$ 11,64 mil (o limite atual de
isenção, de R$ 1.164, será multiplicado
por dez). O prazo de recolhimento do tributo também
será ampliado.
O relator da MP, deputado Carlito Merss (PT-SC), informou
que ainda tentará elevar o limite de isenção
acordado no projeto de conversão da MP 232.
Merss se reuniu pela manhã com o secretário
da Receita Federal, Jorge Rachid, para discutir a redação
do projeto e, depois, participou do almoço com Palocci.
Após o almoço, Merss comentou que tinha conseguido
acabar com a "Geni tributária". "Vou
apresentar o relatório [projeto de conversão
da MP] na semana que vem", disse. Segundo ele, benefícios
tributários para o setor de incorporações
imobiliárias e para o setor exportador de software,
mesmo não acordados com o governo, constarão
do projeto de conversão.
As modificações na MP que já vinham sendo
negociadas por Merss e pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR),
relator no Senado, foram formalmente aceitas pelo governo
durante almoço entre Severino e Palocci, do qual também
participou o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), nome indicado
pelos pepistas para ocupar o Ministério das Comunicações.
"Quase extinta"
Após o almoço, realizado na casa de Severino,
o presidente da Câmara disse que a MP 232 está
"quase extinta, vai ficar muito pouco". A medida
provisória editada pelo governo sofreu críticas
tanto de políticos como do setor empresarial, gerando
uma onda de protestos. O deputado afirmou ainda que, na nova
versão, a "sociedade vai ser bem aquinhoada".
Durante o almoço, foi dito a Palocci que a medida provisória
não seria aprovada -exceto a correção
de 10% na tabela do IR. Isso levou o governo a ceder e concordar
com um substitutivo. Entre os pepistas, chegou a circular
a informação de que a MP 232 estava extinta,
mas ela continuará tramitando normalmente, com as modificações
negociadas pelos relatores incorporadas no projeto de conversão.
O governo não tem, porém, garantias de que ela
será aprovada.
Entre as mudanças, estuda-se ainda aumentar de R$ 1.164
para cerca de R$ 3.000 o limite de isenção para
a retenção de 1,5% do Imposto de Renda na fonte
para pequenos transportadores e benefícios tributários
para incorporadores de imóveis e para bens de capital
ligados à plataforma de exportação de
softwares.
Para a tributação de investimentos feitos no
exterior também havia acordo para mudança. A
cobrança da CSLL só aconteceria quando a empresa
se desfizesse do investimento. Pela proposta original do governo,
os ganhos obtidos apenas com a variação cambial
seriam tributados.
As informações são
do jornal Folha de São Paulo, sucursal de Brasília.
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