O governo
brasileiro deve atingir somente quatro dos oito compromissos
mensuráveis previstos no documento "Um Mundo para
as Crianças", assinado por líderes de diversos
países. O texto prevê a melhoria das condições
de vida infantil com base em quatro princípios: educação,
proteção dos direitos das crianças, combate
ao HIV/Aids e saúde.
O Brasil se comprometeu a melhorar esses índices após
participar, em 2002, da Sessão Especial da Assembléia
Geral das Nações Unidas sobre a Criança.
"As quatro metas (educação, proteção,
HIV/Aids e saúde) passaram a fazer parte de um documento
denominado 'Um Mundo para as Crianças (MPC)', e, ao
firmá-lo, o Estado Brasileiro se comprometeu a produzir
uma série de transformações na vida de
suas crianças e adolescentes", explica o relatório
"Um Brasil para as Crianças e Adolescentes",
elaborado Rede Amiga da Criança, para acompanhar a
implementação das propostas pelo governo.
A rede é formada por diversas ONGs e entidades, incluindo
agências da ONU como PNUD, OIT (Organização
Internacional do Trabalho), UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura), e UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância e a Adolescência).
Uma das principais ressalvas ao desempenho do Brasil refere-se
à qualidade do ensino. "Em que pesem os avanços
na expansão da oferta do ensino público, especialmente
no nível fundamental, esse processo não foi
acompanhado pela melhoria na qualidade dessa oferta",
aponta o estudo da Rede Amiga da Criança.
Outra meta que o Brasil não deverá atingir
"é eliminar as disparidades entre os sexos no
ensino primário e secundário até 2005
e alcançar a igualdade de gêneros na educação
até 2015". Quando esse item foi inserido entre
as metas mundiais, a preocupação era dar às
mulheres um acesso pelo menos igual ao dos homens na educação.
No Brasil, o problema é o contrário: em geral
as mulheres têm mais tempo de estudo que os homens,
porque esses abandonam a escola para trabalhar.
Por outro lado, o relatório destaca avanços
nas matrículas escolares. É muito provável,
de acordo com o estudo, que a meta de ter 90% de crianças
matriculadas no ensino primário até 2010 seja
atingida.
A proteção da criança no Brasil ainda
carece de informações para elaborar políticas
para o setor, avalia a Rede Amiga da Criança. “A
falta de informações fez com que o MPC tratasse
as metas por meio de abordagens mais descritivas, e em poucos
casos foi possível elaborar metas objetivas”.
Assim, o relatório classifica como "ruim"
a capacidade do Brasil em monitorar a meta que prevê
proteger as crianças dos impactos dos conflitos armados
e da exploração sexual.
O estudo sugere, para melhorar a avaliação
das políticas para proteção infantil,
“estudar a estrutura e o funcionamento dos Conselhos
Tutelares e dos Direitos das Crianças e Adolescentes
para orientar uma estratégia de fortalecimento dessas
instâncias”.
No combate ao HIV/Aids, o relatório ressalta que “o
sucesso do Brasil no enfrentamento da epidemia precisa agora
alcançar as crianças e os adolescentes”.
O estudo considera "ruim" a capacidade do país
de monitorar meta que estabelece redução em
20%, até 2005, da proporção de mães
que amamentam portadoras do vírus da Aids.
O país aparece com mais destaque nos desafios para
melhorar a saúde das crianças. Segundo o estudo,
é “provável” que o Brasil reduza
no mínimo em um terço a taxa de mortalidade
infantil e de crianças menores de cinco anos. Porém,
classifica como “pouco provável” a meta
para reduzir no mínimo em um terço a taxa de
mortalidade materna.
Para alcançar as metas do "Um Mundo para as Crianças",
o governo federal deverá investir R$ 61,5 bilhões
entre 2004 e 2007. Municípios e Estados também
devem contribuir com recursos, de acordo com o documento.
As informações são
do site PNUD Brasil.
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