A psicóloga
e pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) Maria
Fátima Olivier Sudbrack tem acompanhado nos últimos
dias pela imprensa as discussões sobre a regulamentação
do decreto que trata da política de redução
de danos. A posição de espectadora é
inusitada para a coordenadora do (Prodequi).
Prodequi é o Programa de Estudos e Atenção
às Dependências Químicas. Durante um ano
ela foi consultora do grupo que debateu o tema sob a coordenação
da Secretaria Nacional Anti-Drogas (Senad).
A experiência deixou Sudbrack ainda mais convencida
da importância das ações de redução
de danos e as conseqüências positivas que elas
trazem. "Não podemos admitir que redução
de danos seja confundida com apologia às drogas",
alerta a psicóloga.
"A redução de danos foi implantada no
país antes que houvesse uma estrutura para tratamento
dos usuários. Essa estrutura agora precisa de investimentos
para dar apoio e continuidade às ações
de redução de danos já consolidadas e
às que ainda estão por vir."
Para Sudbrack, iniciativas como troca de seringas e distribuição
de preservativos permitiram que os usuários de drogas
fossem retirados de um contexto de marginalização.
Os dependentes que não estavam dispostos a abandonar
o vício passaram a se aproximar dos serviços
de saúde.
Para avançar ainda mais nessa aproximação,
a pesquisadora apóia a criação de locais
seguro de consumo de drogas e os tratamentos substitutivos.
"O decreto deve contemplar essas ações,
mas sob uma perspectiva experimental, restrita às universidades",
frisa. "A proposta não representa um estímulo
ao uso da drogas, mas visa um uso da droga sob condições
que ofereçam menos risco."
O tratamento substitutivo é, segundo Sudbrack, o ponto
que mais precisa de discussões. Para ela, não
está claro o modelo experimental que o Brasil deve
usar. O modelo clássico prevê a substituição
de uma droga ilícita por outra lícita com o
mesmo princípio ativo. Mas já existem experiências
com uso da maconha como droga substitutiva para o crack.
"O tratamento clássico é feito com a substituição
da heroína pela metadona, droga lícita com o
mesmo princípio ativo da heroína", revela
a pesquisadora. "Sob supervisão médica,
o dependente toma uma dose que provoca o mesmo efeito da droga,
mas não conduz à overdose. Além disso,
afasta o usuário do tráfico."
As informações são Agência Brasil.
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