O Rio
Grande do Sul tem a menor mortalidade infantil do país
porém resistem bolsões onde em 2003 morreram
proporcionalmente mais bebês do que em Alagoas, a campeã
nacional do índice. Graças a parcerias entre
governos e população, 2004 deve marcar uma transformação.
Se a proporção de redução for
mantida, até dezembro devem ser poupadas cerca de 140
vidas em relação às 2.369 mortes do ano
passado.
Com a queda, o coeficiente de mortalidade do estado deve
baixar de 15,9 por mil nascidos vivos para 14,9. Redentora,
no norte do estado, é um casos mais emblemáticos
dessa transformação. Em 2003, o coeficiente
de mortalidade chegou a 58 mortes por mil nascidos vivos,
o dobro da média nacional, de 27,8, e próxima
de Alagoas, 57. Com o acompanhamento às gestantes,
feito pelo Estado, prefeitura e Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), entre outros, a mortalidade despencou.
Até outubro, foram oito mortes, contra 18 em 2003.
A receita de superação varia conforme a realidade,
mas o princípio é inverter a lógica de
atendimento. Em vez de esperar a gestante buscar auxílio,
os profissionais de equipes de saúde vão procurá-las
em casa. Desde 2003, o número de equipes de saúde
da família, programa federal que recebe apoio do estado
e dos municípios, pulou de 460 para 850. Outras medidas
foram a implantação de um monitoramento semanal
dos índices e de um comitê para investigar os
óbitos.
Intitulado Viva Criança, o programa estadual se iniciou
em 2003, quando a Secretaria de Saúde elegeu 54 municípios
prioritários para atendimento. Mas não há
um ranking, porque a lista considera números absolutos
de mortes, e não o coeficiente de mortalidade, o que
direciona as primeiras posições às grandes
cidades.
A expectativa é de que os avanços evitem trajetórias
como a de Neli Freitas, 31 anos, de Uruguaiana. Apenas três
dos seis filhos que ela teve conseguiram ultrapassar o primeiro
ano de vida. O último, que sucumbiu no início
do mês, resistiu quatro dias depois do parto na UTI
pediátrica, pois na região não há
UTI neonatal.
"Comecei a fazer o pré-natal no quinto mês
de gestação. Tive problemas familiares e deixei
de procurar atendimento médico", diz ela, residente
em um dos 12 bairros incluídos no programa saúde
da família.
Em São Gabriel, o número de óbitos baixou
de 25, entre janeiro e setembro de 2003, para 10. Os resultados
são atribuídos ao Programa de Rastreamento do
1º ano de Vida, que acompanha as famílias. Até
o final do ano, a expectativa é inaugurar uma UTI neonatal
.
LETÍCIA DUARTE
do jornal Zero Hora
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