O Instituto
para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) promoveu
o IV Seminário IDIS de Investimento Social Privado
na Comunidade com o tema "Empresa na Comunidade: Por
que investir em Redes Sociais?", no último dia
8. O objetivo do evento foi discutir novas formas de atuar
na comunidade, apresentando casos de Redes Sociais e suas
ferramentas para o desenvolvimento do investimento social.
A primeira mesa de palestras teve a apresentação
de Daniela Reis, gerente do Instituto Votorantim, e Marília
Barcellos Guimarães, representante da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) na Rede pela Educação
Infantil (REDIN), com moderação de Elizabeth
Kfouri Simão, da Fundação Otacílio
Oscar, sobre o tema "Investindo em Redes Temáticas
para o Desenvolvimento Social". Daniela falou da missão
do Instituto Votorantim, que é atuar de forma inovadora
e fazer da vida comunitária um ambiente propício
para desenvolvimento social.
O Instituto atende jovens de 14 a 25 anos, contribuindo
na formação de uma agenda local de desenvolvimento
por meio da articulação de diferentes atores
sociais em torno de projetos voltados para o público-alvo
e no desenvolvimento integrado do jovem. Este desenvolvimento
é o atendimento às suas demandas legítimas,
contextualizadas no desenvolvimento sustentável nos
planos nacional e local.
Co-responsabilidade, engajamento da formulação
do princípio da responsabilidade das empresas e unidades
de negócio diante de suas dificuldades públicas
e da sociedade são alguns dos princípios de
operação do Instituto Votorantim. Desde de 2002,
o Instituto contribui para o aprimoramento das políticas
públicas e fomenta ações naqueles municípios
que não apresentam política promotora para juventude.
Para a viabilização dos projetos, o Instituto
trabalha em rede com os comitês de atuação
e de coordenação, grupos gestores, os coordenadores
de outras unidades do grupo Votorantim, parceiros e o próprio
Instituto.
A segunda palestrante, Marília, comenta o trabalho
da Redin, que possui o foco em creches comunitárias
e desenvolveu algumas adequações em projetos
relacionados aos aspectos físicos e recursos materiais
das creches; o trabalho dos professores e coordenadores pedagógicos;
capacitação dos gestores; assistência
pedagógico-administrativa e comunicação
para mobilização social. O trabalho em rede
promoveu uma ação global, gerando autonomia
e impacto social.
A Redin apresenta duas premissas básicas para o trabalho:
o conceito de criança, como um cidadão de direitos,
e concepção de Instituto de educação
infantil, como uma educação mais global. A instituição
atua através de grupos de ações (mais
pontuais) e grupos de foco. Primeiro, a Redin apontou a violência
como grande problema nas comunidades do Estado de Minas Gerais.
Para a resolução desse problema, a união
de universidades, entidades, poder público e a própria
comunidade encontraram uma saída através de
investimentos na educação.
O primeiro seminário, realizado em 2003, promoveu
a proposta de rede, delimitação de área
de atuação, missão, objetivos e foco.
Com decorrer do tempo, a Redin foi percebendo a importância
do trabalho em rede, o aumento do compromisso das pessoas
da comunidade com a causa, capacitação e atuação
dos grupos de foco como facilitador de redes sociais e o desenvolvimento
de instrumentos de comunicação (informativos)
para divulgação do trabalho da Redin."Todos
nós estamos atuando pelo mesmo fim. O sistema de redes
permite uma troca de conhecimentos e já tem 29 creches
interagindo pelo mesmo objetivo, a educação
infantil", afirma Margareth Carvalho, da ONG Movimento
de Luta Pró-Creche.
"Esse entrelace destas duas organizações
forma uma verdadeira teia. Estamos tecendo uma grande rede,
seja através da educação, da juventude,
mas todos apresentam o mesmo objetivo, o desenvolvimento comunitário.
Todos lutam para diminuição da pobreza e por
uma sociedade mais justa e livre', afirma Elizabeth Kfouri
Guimarães.
Tanto o Instituto Votorantim e a Redin apontaram para as
mesmas dificuldades como captação de recursos
e trabalhar em rede, já que as pessoas estão
acostumadas a trabalhar em pirâmide (hierarquia). "É
fundamental trabalhar em rede por mais que seja trabalhoso
para alinhar e rediscutir os princípios, justificando
a sobreposição do coletivo no indivíduo",
afirma Daniela Reis.
Já a segunda mesa teve como tema "Investindo
em Rede para o Desenvolvimento Comunitário" e
contou com a presença de Carlos F. Bühler, presidente
da Holcim Brasil, e Elisane Gressi, gerente de cultura da
Fundação Belgo Mineira, com moderação
de Olinta Cardoso, diretora da Fundação Vale
do Rio Doce.
Elisane falou sobre o caso da Rede Colaborativa Sabará
(MG), um espaço coletivo organizado para discussão
de problemas da cidade mineira. A Rede apóia a formação
do grupo articulador, potencializa os projetos já existentes
na comunidade e desenvolve capacitação social
para a comunidade.
Foi realizado um diagnóstico na região para
apontar os problemas locais. Como, por exemplo, a educação
que apresenta baixa cobertura na área de creches. Das
9 mil crianças de Sabará 8% não freqüentam
creches. Além disso, existe ainda um alto índice
de mortalidade infantil o que aponta uma deficiência
no atendimento à saúde materno-infantil, baixa
qualidade de pré-natal e puerpério e baixa qualidade
de alimentos de crianças, pois de cada 1000 nascidos
e vivos, 21 morrem antes de completar um ano, em Minas Gerais.
Na cidade de Sabará, cada mil nascidos vivos 25 morrem
antes de completar um ano.
A Rede Colaborativa Sabará formou uma Comissão
de Comunicação e Captação de Recursos
para viabilizar a divulgação do trabalho e aumentar
o número de parceiros e recursos para projetos. Os
resultados apontados foram vários projetos com recursos
garantidos, maior visibilidade das questões à
criança e ao adolescente, desenvolvimento de uma cultura
de solidariedade, participação e responsabilidade
social.
Já Carlos Bühler, presidente da Holcim, apresentou
o caso Ortópolis Barroso, localizado a 200 km de Belo
Horizonte (MG), uma região que a empresa Holcim representa
maior empregadora local. O objetivo foi tornar a cidade num
lugar desejado no futuro, revitalizado de forma sustentável.
A própria comunidade definiu pontos estratégicos
como mudança comportamental, modelos de políticas
públicas e empreendedorismo social. Os resultados se
complementaram num tripé de sustentabilidade: responsabilidade
social, responsabilidade econômica e responsabilidade
ambiental.
Mais de 500 pessoas participaram na gestão de projetos
e planejamento estratégico e operacional em Ortópolis.
O trabalho em rede foi tão positivo para a comunidade
que teve a formação de Associação
Ortópolis Barroso com 71 fundadores que promovem o
desenvolvimento da comunidade."O ex-prefeito e até
a atual prefeita já estão a favor do trabalho
em redes. Houve uma mobilização de todos os
setores da sociedade civil, poder público, empresa,
outras entidades e até clero (Igreja Católica
e protestante). A Redes incentiva o trabalho em equipe e a
criatividade", afirma Carlos.
SUSANA SARMIENTO
do site setor3
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