BRASÍLIA.
A Universidade de Brasília (UnB) anunciou ontem os
critérios de seleção dos candidatos ao
próximo vestibular que poderão ser beneficiados
com cotas para negros. Aprovado pela instituição
no ano passado — a UnB foi a primeira universidade federal
a adotar as cotas — o sistema prevê que os vestibulandos
negros e pardos terão que tirar foto no ato da inscrição
para disputar as vagas pelo sistema de cotas. É com
base na foto que os alunos serão escolhidos para serem
beneficiados pelo programa. A medida já provoca polêmica
e é duramente criticada por especialistas. A UnB vai
reservar 20% das vagas para o sistema de cotas.
Segundo o vice-reitor, Timothy Mulholland, a decisão
de incluir a foto tem a intenção de inibir pessoas
que queiram se apresentar indevidamente como negros:
“Há uma “tradição criativa”
nos vestibulares que queremos evitar”
Os estudantes que quiserem se candidatar às cotas
terão que se inscrever em quatro postos específicos
do Distrito Federal e outros em Goiás e Minas. Na inscrição,
o candidato também terá de preencher um formulário
específico. Uma comissão analisará a
fotos e o formulário e aceitará, ou não,
a inscrição.
Quem não tiver direito às cotas será
imediatamente inscrito pelo sistema convencional. Mesmo os
negros não precisam, necessariamente, se inscrever
no regime de cotas. Eles precisam optar pelo sistema e se
declararem negros no formulário. Quem não tiver
a inscrição aceita poderá pedir uma revisão
à comissão.
Cota independe de recursos
O programa da UnB não prevê reserva
de vagas para estudantes de baixa renda. A cota será
apenas racial, independentemente do poder aquisitivo do candidato,
o que também é criticado por especialistas.
Eles criticam o fato de um aluno com alto poder aquisitivo
e que estudou em escola particular poder ser selecionado pelo
sistema de cotas apenas por ser negro.
Segundo Mulholland, essa foi a decisão tomada pela
Comissão de Seleção da UnB por considerar
que o acesso de negros é desigual mesmo entre os de
classe mais alta.
“Para alunos negros que necessitarem de apoio, a UnB
tem mecanismos como moradia estudantil e bolsas de trabalho”,
disse o vice-reitor.
Ministro tem outra visão
Ontem, o ministro da Educação, Tarso
Genro, ao falar sobre cotas, defendeu uma posição
diferente da UnB:
“Em diversas regiões, a maioria dos mais pobres
é negra, mas em outras, não”
Tarso disse que o governo prepara uma medida provisória
para unir os dois pontos. A decisão de como fazer o
processo caberá às universidades, que têm
autonomia, mas o MEC deve traçar as linhas.
Para o vice-reitor da UnB, as universidades têm autonomia:
“Nosso processo vem sendo desenvolvido há nove
meses. Esperamos o apoio do ministro da Educação”.
Na UnB, a aprovação dos alunos negros seguirá
o mesmo parâmetro dos demais. Os estudantes serão
classificados pelas notas e os primeiros ficarão com
as vagas reservadas. Se houver alunos das cotas que sobraram,
mas têm notas melhores que os do sistema geral, eles
entrarão. E se sobrar vagas das cotas, elas serão
usadas para os estudantes da seleção geral.
As informações são
do jornal O Globo.
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