BRASÍLIA. Em jantar na casa
do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
quarta-feira, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu
desculpas à base do governo pelo constrangimento que
as denúncias contra seu ex-assessor Waldomiro Diniz
estão provocando. Ele disse que não se perdoa
por ter confiado em Waldomiro e não imaginava que a
atitude dele tivesse sido “tão criminosa e irresponsável”.
"Peço desculpas aos aliados e aos companheiros
do PT pelo constrangimento que estou causando. Tenho exata
dimensão do prejuízo que isso traz para mim
e para o governo. Queria pedir desculpas ao país. Mas,
como o presidente pediu para eu esperar, peço pelo
menos desculpas aos companheiros do PT e aos aliados —
disse Dirceu, segundo relato de um dos presentes".
Dirceu disse ter lamentado não ter seguido o seu primeiro
impulso quando Waldomiro foi denunciado, em julho do ano passado,
por envolvimento em irregularidades com o bingo eletrônico:
" Devia ter seguido minha índole e, ó!",
disse, dedo no pescoço em sinal de degola.
Segundo Dirceu, Waldomiro estava há 13 anos a seu
lado:
"Jamais suspeitei. Fui traído na minha confiança.
Confiei nele, não maldei".
João Paulo reuniu em sua casa líderes, presidentes
de partidos aliados e alguns ministros para jantar. O presidente
do PT, José Genoino, e o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), não foram. Dirceu
teria discordado da conduta dos dois no Congresso.
No jantar, com a voz embargada agradeceu:
"Deixem eu olhar para a cara de cada um de vocês
para marcar este abraço no meu coração.
Neste momento, preciso de solidariedade mesmo. De certa forma,
devo desculpas por ter trazido essa pessoa para o nosso meio".
Diante dos boatos de que estaria deixando o governo, Dirceu
confirmou que chegou a colocar o cargo à disposição
do presidente Lula, que recusou de imediato:
"Pus meu cargo à disposição, não
quero ser um empecilho para o governo".
Dirceu contou ainda que recebeu uma ligação
do ex-ministro José Serra desmentindo sua suposta participação
na divulgação das denúncias contra Waldomiro.
As informações são
do jornal O Globo.
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