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consumo
22/11/2004
Lojas usam sutileza para maquiar juro maior

As grandes redes varejistas não vão aumentar os juros ao crediário neste ano, mesmo com o aumento na Selic -a taxa básica do mercado que influencia toda a atividade econômica do país. A estratégia adotada foi outra, mas, de forma indireta, terá efeito no valor pago pelo produto.

Explica-se: para reduzir o custo financeiro da alta na taxa, há redes que mudaram a composição da cesta de produtos e dos prazos de pagamento, apurou a Folha.
Ampliaram os prazos de venda dos eletroeletrônicos neste mês e mudaram a categoria em que as mercadorias estavam inseridas na tabela de juros da loja. Por exemplo: se antes 100 itens eram comercializados com taxa de 3% ao mês e 150 com taxa de 2%, agora só 50 terão a taxa menor.

Sutileza não é notada
São mudanças sutis, que o consumidor não percebe. No entanto o resultado dessa equação encarece o produto vendido a prazo. Parte do custo financeiro sentido pela loja após a alta da Selic é repassada, mas não há efeito psicológico negativo no mercado, pois os aumentos nas taxas, oficialmente, não acontecem.

"Quando o juro sobe, a loja não tem de aumentar suas taxas imediatamente para repassar esse peso. Elas podem embutir reajustes no preço à vista ou podem negociar melhores pacotes de venda com a indústria para não pressionar a margem da loja. Enfim, mecanismos que, em certos casos, podem encarecer as mercadorias de qualquer forma", diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria de varejo GS&MD.

O Ponto Frio pretende manter suas taxas de juros, assim como o Extra, durante este ano. A Lojas Cem planeja fazer o mesmo. A Casas Bahia informa que não irá aumentar as taxas neste ano e que o que está sendo feito é um aumento no prazo de pagamento dos produtos. Agora, há eletroeletrônicos que podem ser comprados em até 18 vezes.

"O que existe é um jeito só. Se antes tínhamos mais produtos com taxas mais baixas, agora temos um pouco mais com taxas mais altas", diz Michael Klein, diretor da Casas Bahia.

Lucros maiores
Os dados a respeito da lucratividade do varejo mostram que eles estão ganhando bem mais dinheiro neste ano. O Ponto Frio teve aumento de 54,3% no lucro líquido no terceiro trimestre do ano sobre igual período de 2003. De julho a setembro, o montante chegou a R$ 11 milhões. Na Lojas Americanas, o lucro operacional cresceu 21,1% e totalizou R$ 39,6 milhões no terceiro trimestre.

Os juros cobrados nas lojas podem subir no primeiro bimestre de 2005, dizem as lojas. Até lá, o varejo irá segurar as atuais taxas, em parte porque ganhou fôlego com os bons resultados obtidos neste ano, até o mês agosto, período em que a lucratividade subiu.

"A tendência é que a alta dos juros não seja repassada para o consumidor. A variação da Selic tem um impacto de médio e longo prazo", diz João Carlos Gomes, economista da Abras -entidade do setor supermercadista.

Ao elevar a Selic, o Banco Central aciona um efeito "cascata" no custo do crédito no país. Para possibilitar o financiamento dos consumidores, os comerciantes também utilizam recursos concedidos por instituições do mercado financeiro. Resultado: aumento no valor das prestações pagas pelos consumidores.


ADRIANA MATTOS
CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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