O volume
de contas em atraso nos dois primeiros anos de governo Lula
registrou uma taxa de expansão menor do que nos dois
últimos anos de administração tucana.
A conclusão é da Serasa, companhia de análise
de crédito, que levou em conta o calote de consumidores
e de empresas.
Tanto no final do governo de Fernando Henrique Cardoso como
na era Lula, as pessoas físicas tiveram um desempenho
menos positivo quando comparado com o das pessoas jurídicas.
De janeiro de 2003 a dezembro de 2004, o volume de registros
de inadimplência de pessoas jurídicas e físicas
cresceu 10,9% em comparação com os dois anos
anteriores. Se no período de 2001 e 2002 tivessem sido
registrados 100 casos de calote, por exemplo, em 2003 e 2004
o total atingiria 111.
Porém a taxa de expansão registrada no final
dos anos FHC atingiu um patamar mais elevado. Foi verificada
uma alta de 55,2% no total de registros de inadimplência
em 2001 e 2002 sobre os dois anos anteriores.
Em ambos os casos, entram na análise dados como cheques
devolvidos, títulos protestados, dívidas vencidas
com bancos, com cartões de crédito e com financeiras.
Os registros de calote dos consumidores atingiram uma taxa
de expansão maior do que o verificado nas empresas.
Isso ocorreu tanto nos anos FHC como na era Lula.
Nos dois anos do governo petista, a inadimplência de
pessoas físicas cresceu 15,2% em relação
aos dois anos anteriores. E a inadimplência de pessoas
jurídicas subiu 3,2% para o mesmo intervalo de tempo.
As variações podem chegar a dois dígitos,
mas ambas ainda são menores do que as verificadas no
final dos anos FHC.
A pesquisa mostra que, nos dois últimos anos de mandato
tucano, o número de registros de empresas inadimplentes
cresceu 30%. Portanto, bem acima dos 3,2% registrados no início
de governo petista. Entre os consumidores, a expansão
nos registros de pendências em atraso foi ainda maior:
cresceu 57,7% no governo FHC.
Questão matemática
É preciso levar em conta que já era
esperada uma queda na taxa de registros de atrasos nas contas
na era Lula. Por uma razão matemática: o levantamento
irá comparar os dados dos últimos dois anos
(2003 e 2004) com um período de base forte (2001 e
2002), que apresentou taxas elevadas de inadimplência.
Logo, quando é feita a relação entre
os números, existe uma tendência natural para
que a expansão no calote seja menor na era petista.
Além desse fator, há outros de ordem econômica.
Houve uma melhora no indicador de emprego recentemente, e
isso tem impacto direto no indicador de calote para as pessoas
físicas.
O desemprego na região metropolitana de São
Paulo atingiu 19% da População Economicamente
Ativa (PEA) ao final de 2002, na véspera do início
da administração de Lula. Ao final de 2004,
o número havia recuado para 17,4%, segundo o Dieese.
Quanto às empresas, a leve melhora na demanda no mercado
doméstico em 2004, que resultou num aumento de venda
para as companhias que vendem internamente -assim como a escalada
nas exportações na gestão petista- recheou
o caixa dos grupos privados.
O volume de falências e concordatas caiu, na esteira
da redução da inadimplência.
Dados da ACSP (Associação Comercial de São
Paulo) mostram que, nos anos de 2002 e 2003, foram 3.700 falências
decretadas no Estado de São Paulo. Desde o início
do governo do PT, foram 3.200 casos.
Ontem, a Fecomercio SP apresentou um novo dado sobre o total
de pendências em atraso de pessoas físicas. Pesquisa
de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra
que o percentual de pessoas com contas não-quitadas
subiu de 36% em janeiro para 42% neste mês. Foram entrevistadas
mil pessoas na região metropolitana de São Paulo.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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