SÃO
PAULO - O governo de São Paulo divulgou, nesta quarta-feira,
números surpreendentemente bons sobre o desempenho
dos alunos das escolas estaduais no Sistema de Avaliação
de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).
Em todas as séries, a maioria dos estudantes acertou
mais de 50% da prova. As notas da redação também
aparecem acima da média.
Os resultados mostram que 75% das crianças da 1.ª
série fundamental e 90% das da 2.ª série
fundamental estão alfabetizadas. Os números
contrastam com acusações de que, por causa do
sistema de progressão continuada, alunos chegavam à
4.ª série sem saber ler nem escrever.
Educação infantil
Apesar de não divulgar os desempenhos de cada cidade,
o secretário de Educação, Gabriel Chalita,
afirmou que os melhores alunos estão nos locais onde
as crianças cursam a educação infantil.
O Saresp é um exame externo, realizado pela Fundação
Carlos Chagas a pedido do governo, que existe desde 1996.
Na edição deste ano, porém, foi a primeira
vez que a prova foi realizada com todos os alunos de todas
as séries dos ensinos fundamental e médio.
Mais de 4,2 milhões de estudantes - 89,4% do total
da rede estadual de ensino - participaram. Foram testadas
habilidades de leitura, interpretação de textos
e escrita.
"Mito quebrado"
"Foi quebrado o mito de que escola pública é
ruim", disse o governador Geraldo Alckmin. Ele agradeceu
aos professores "pelo esforço de capacitação"
e mencionou os programas do governo que dão formação
aos profissionais por meio de teleconferências ou presencialmente.
O secretário Chalita explicou que foram feitos esforços
principalmente para qualificar os professores que trabalham
nas primeiras séries. Ele vai conversar com associações
ligadas ao ensino superior para que as notas do Saresp possam
ser aproveitadas no ingresso em universidades. Para isso,
as escolas municipais e particulares também teriam
de aderir ao exame.
Dados questionados
Educadores e entidades, no entanto, questionaram os números
apresentados pelo governo. "A realidade que vemos no
dia-a-dia da sala de aula é outra", diz o presidente
do Sindicato dos Profissionais do Ensino Oficial do Estado
de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro.
Ele fala das condições de trabalho, com altas
cargas horárias, de salas superlotadas, de escolas
deterioradas. "Milagres existem", ironiza.
Na semana passada, o MEC divulgou os resultados do Sistema
Nacional do Ensino Básico (Saeb). O desempenho médio
dos alunos paulistas, apesar de estar entre os melhores, não
chega ao nível considerado adequado.
As informações são
da Agência Estado.
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