BRASÍLIA
- As antigas escolas de ensino técnico vão voltar.
Nos próximos dias, o Ministério da Educação
vai publicar um decreto permitindo novamente a integração
do ensino médio com o técnico, uma possibilidade
que havia acabado com a reforma ocorrida em 1997 e que separou
as duas modalidades de ensino.
A partir de agora, os Estados poderão voltar a ter
escolas em que, obrigatoriamente, o ensino médio será
junto com o técnico. Mas os dois sistemas - integrado
e separado - poderão conviver.
Reforma
Antes da reforma, o ensino técnico de nível
médio era dado apenas nas escolas de ensino médio
profissionalizante. Uma pessoa que já tivesse terminado
a escola, por exemplo, teria de cursar de novo o ensino médio
se quisesse o diploma profissionalizante.
A mudança permitiu mais flexibilidade ao sistema,
mas, na avaliação do MEC, dificultou o acesso
dos estudantes ao ensino técnico. Com a mudança,
avalia o secretário de Ensino Técnico, Antonio
Ibañez, aumentará a possibilidade de acesso
dos jovens.
Só 600 mil vagas
"Hoje, de cada cinco estudantes que saem do ensino médio,
apenas um entra na universidade. Sobram 1,6 milhão,
e só temos 600 mil vagas no ensino profissionalizante.
Os demais vão para o mercado de trabalho, mas sem uma
formação específica", afirma o secretário.
Ao colocar o ensino profissionalizante nas escolas regulares,
o MEC espera ver crescer a oferta de vagas. Ibañez
cita uma pesquisa de opinião feita há alguns
meses em que, questionados sobre o que esperavam que o governo
fizesse pelo emprego, 20% dos entrevistados pediram mais vagas
no ensino profissionalizante.
Disputa de vagas
Atualmente, o sistema prevê que o aluno possa cursar
o ensino médio em uma instituição e o
técnico na mesma ou em outra, mas ele só recebe
o diploma profissionalizante quando termina o ensino médio.
O problema, segundo o MEC, é que esses mesmos alunos
disputam vagas com pessoas que já terminaram a escola
e resolveram voltar para fazer apenas o técnico.
Com a mudança e os dois sistemas, segundo o ministério,
haverá mais escolas oferecendo esse tipo de ensino.
E algumas delas vão atrair apenas quem precisa fazer
o ensino médio também.
Demanda aumenta
Como tem hoje menos de 600 mil vagas, o sistema profissionalizante
está muito aquém da necessidade. Segundo Ibañez,
o ministério trabalha com a meta de 2 milhões
de vagas, o que serviria, hoje, para matricular todas os concluintes
do ensino médio.
No entanto, o número de jovens nesse nível
de ensino ainda está longe da universalização
e tende a aumentar muito nos próximos anos.
Estados
Justamente por causa da necessidade de crescimento do ensino
médio, o MEC espera enfrentar resistência dos
Estados - responsáveis pelo sistema educacional - para
que a mudança seja implementada.
Alterar o atual sistema significa investir não apenas
em mais escolas de ensino médio, mas também
criar outras específicas. E os os governos estaduais
já reclamam que não têm dinheiro nem para
sustentar o que existe.
Esperança no Fundeb
Mais uma vez, a esperança de conseguir recursos recai
sobre a criação do Fundo do Ensino Básico
(Fundeb), que servirá para financiar a educação
da educação infantil ao ensino médio.
"Com o Fundeb, os Estados terão mais recursos
para financiar essa expansão, inclusive do ensino técnico.
O governo federal também vai entrar com mais recursos.
O que não podemos é ficar sem dar alternativas
a esses jovens que não vão entrar no ensino
superior", disse Ibañez.
As informações são
da Agência Estado.
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