Fazer
compras em camelôs e “sacoleiros” é
prática generalizada no Rio. Pesquisa divulgada ontem
pela Federação das Indústrias do Estado
do Rio (Firjan) mostra que 59% dos consumidores que circulam
no Centro da cidade adquirem produtos no comércio informal.
O estudo traz ainda um dado surpreendente: integrantes de
todas as faixas de renda lançam mão da alternativa
de consumo. Na classe A, 47% afirmaram comprar em camelôs;
na B, 49%; na C, 66%; e na D, 60%.
Os números levaram a Firjan a dar o que chamou de
“grito de alerta” contra a concorrência
desleal, que, segundo a entidade, inclui pirataria, contrabando,
sonegação fiscal e desrespeito às normas
técnicas, além dos efeitos na queda da renda,
do emprego e da arrecadação de tributos. Segundo
o diretor corporativo da federação, Augusto
Franco, o avanço do comércio informal funciona
como um obstáculo à capacidade de investimento
e desenvolvimento das indústrias.
O problema é comprovado por números. Outra
pesquisa da Firjan, feita em novembro de 2003, mostrou que
91% de 192 empresas de 24 setores da indústria fluminense
declararam ter o faturamento afetado de alguma forma pela
concorrência desleal. Por ano, afirma o estudo, 18 mil
empregos deixam de ser abertos e o prejuízo chega a
R$ 763 milhões.
Na pesquisa divulgada ontem, os principais motivos para a
procura pelos camelôs, alegados por 43,3% dos entrevistados,
são o preço das mercadorias e a flexibilidade
para negociar. Ao mesmo tempo, 36,7% reconhecem a baixa qualidade
do produto e a menor vida útil como maiores desvantagens.
Augusto Franco diz que outro aspecto que causa apreensão
é o de que 83,7% dos entrevistados sabem que o consumo
no comércio ilegal pode apresentar danos à saúde
por terem procedência duvidosa, mas 59,7% afirmam que
não mudarão seus hábitos.
"Propomos uma campanha de esclarecimento da população
em relação aos riscos do comércio ilegal.
Além disso, é preciso que o governo intensifique
a fiscalização e deixe de atuar como incentivador
da informalidade, reduzindo a burocracia para abrir, manter
e até mesmo fechar uma empresa e diminuindo a pesada
carga tributária atual", afirma o diretor da Firjan.
As informações são do jornal O Globo.
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