Os índices
de inadimplência caíram em 2004 tanto no ensino
superior quanto nas escolas de educação básica
do Estado de Sã Paulo. Este é o primeiro ano,
nos últimos quatro, em que a taxa não subiu,
segundo entidades do setor. As escolas tiveram uma redução
de 40% no número de pais devedores e justificam dizendo
que aprenderam a profissionalizar sua gestão. Além
do aquecimento da economia, a evasão dos alunos - em
alguns cursos, de até 50% - é apontada como
outra razão da queda dos números em faculdades
e universidades.
"O estudante que não pode pagar desiste da faculdade
ou vai procurar uma mais barata", diz o presidente do
Sindicato das Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior
no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo.
Segundo ele, os índices de inadimplência caíram
de 22% para 20% este ano, depois de sucessivos crescimentos.
Ivo Isgroe Madoglio, de 21 anos, estudava Jornalismo na UniFMU
e ficou seis meses sem pagar a mensalidade. "Não
me deixaram fazer acordo nenhum e tive de deixar a faculdade."
Depois de ficar um ano sem estudar e acertar as contas com
a instituição, conseguiu se transferir para
a Universidade Nove de Julho (Uninove), com mensalidade cerca
de R$ 300 mais barata. A UniFMU informa que a negociação
só não foi efetuada porque o estudante ofereceu
cheques pré-datados, que a escola não aceita.
Informatização
A Uninove teve uma redução de 3,5%
na taxa de inadimplência desde que adotou um sistema
informatizado de gestão, há cerca de um ano
e meio. "Antes, demorávamos para identificar os
inadimplentes e para propor uma negociação",
explica o pró-reitor-adjunto de Administração
da Uninove, Marco Malva. O mesmo ocorreu na Universidade da
Região de Joinville (Univille), que investiu R$ 1,5
milhão na modernização da gestão,
com softwares específicos, e conseguiu levar a inadimplência
a 4%, uma das mais baixas de Santa Catarina.
"Estamos cobrando com mais profissionalismo", diz
o proprietário do Colégio Morumbi Sul, Paulo
Dyrker. Na sua escola, a inadimplência não tem
crescido também por causa de uma solução
original: "Antes de contratar um serviço, vejo
sempre se tem um pai que oferece." Um banco de dados
no site do colégio ajuda na identificação.
Em troca de mensalidade, pais já forneceram stands
para feiras de educação, trabalho fotográfico,
materiais escolares.
"Parece que a situação está melhorando
um pouco", diz, sobre os reflexos da economia na área
da educação, o diretor-executivo do Sindicato
dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo
(Sieeesp), Roberto Prado. Depois de repetidos anos com queda
de alunos, de acordo com ele, algumas escolas já estão
identificando crescimento nas matrículas para o ano
que vem.
Para o presidente do Semesp, as mensalidades no ensino superior
poderiam ser de 8% a 10% mais baixas não fosse a inadimplência.
Os dirigentes das associações reclamam da Lei
n.º 9.870, de 1999, que não permite represálias
- como expulsão, impedimento de freqüentar as
aulas ou fazer provas - ao aluno devedor. As escolas podem
apenas se recusar a receber nova matrícula.
RENATA CAFARDO
do jornal O Estado de S. Paulo
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