O desemprego deixou de ser a maior fonte de estresse do brasileiro. Segundo pesquisa realizada pela Internacional Stress Management Association (Isma - Brasil), entidade presente em 12 países que testa a qualidade de vida da população, a violência é a maior responsável pelo problema.

Entre janeiro e agosto deste ano, os pesquisadores entrevistaram 759 pessoas entre 18 e 65 anos. Todos receberam um questionário com 10 perguntas que avaliavam seu estilo de vida e os motivos que mais os levavam ao estresse. De acordo com o estudo, 68% dos entrevistados afirmaram que a violência é o principal fator seguido do desemprego (59%) e da situação econômica (42%). “Foi uma surpresa. Em outros estudos o desemprego sempre apareceu em primeiro lugar”, afirma a médica Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Brasil.

Segundo Ana Maria, os quatro principais sintomas provocados pelas situações de estresse foram dores musculares, insônia, dores de cabeça e problemas gástricos. “As pessoas estão mudando hábitos no dia-a-dia por causa da violência. Fazem caminhos mais longos para evitar locais perigosos, por exemplo, ou ficam mais tempo no trânsito a procura de um estacionamento”, diz. “Tudo isso aumenta o nível de estresse”, completa a especialista.

O estresse é uma reação natural do organismo que provoca, entre outras coisas, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Isso pode acontecer por conta do estresse positivo, como a ansiedade para ir a uma festa, ou negativo, caso do medo de assalto. “A diferença é que, muitas vezes, o estresse se torna crônico, desenvolvendo uma série de problemas no indivíduo”, lembra José Roberto Leite, coordenador da unidade de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Entre os principais estão a baixa na imunidade e a depressão”, completa.

Para Leite, a violência tem uma particularidade nesse panorama: é a única forma de estresse que pode evoluir para o distúrbio conhecido como estresse pós-traumático. Esse transtorno mental é comum em pessoas que sofreram assaltos ou seqüestros. “A violência provoca uma forma mais drástica de estresse. O impacto do estresse pós-traumático é humanamente impossível de acontecer em qualquer outra situação, como o desemprego”, completa Leite.

Regiane Monteiro,
do Diário de S. Paulo.