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“Na verdade, não
sou mais estudante, portanto, não teria idade para
crises existenciais. Afinal, estou às vésperas
de completar 24 anos. Sou jornalista, graduada, em 2003, pela
Universidade Federal do Ceará.
Até terminar minha faculdade, nunca tive crises sobre
que carreira seguir. Desde os 14 anos, já falava em
ser jornalista. Na hora da inscrição do vestibular,
em momento algum hesitei em fazer jornalismo. Na faculdade,
a cada reportagem, a cada texto, a cada estágio, aumentava
a certeza de minha vocação.
Agora, graduada, com diploma na mão e um emprego, estou
em crise! O emprego nem de longe é o que eu gostaria,
mas foi a oportunidade que surgiu. Adoro escrever e sinto
um prazer imenso ao redigir um texto, uma matéria,
uma reportagem. Agora, estou na assessoria de um deputado
estadual. Sou assessora de comunicação e é
algo que não me satisfaz.
Nos momentos de desespero e de tédio, penso em fazer
outra faculdade como Direito, Turismo, Psicologia . Mas, vejo
que o que gosto mesmo é de jornalismo impresso.
Sei que emprego não está nada fácil,
ainda mais nessa área. Ainda mais aqui em Fortaleza,
onde há apenas três jornais e os critérios
de seleção não são justos. Na
maioria das vezes, é o famoso QI (Quem Indica). Tem
que ser amigo do editor, do fulano de tal, e nessa, certamente,
as pessoas que acabam ocupando essas vagas não são
as mais capacitadas.
É triste essa realidade. É mais triste ainda
ver sonhos nos quais você acreditou piamente desaparecerem,
na mesma proporção em que desaparecem os empregos,
as oportunidades. A desilusão é geral. E para
completar, aliada à falta de emprego, tem a baixa remuneração.
Aqui o piso da categoria é R$ 900. Dá para pensar
em sair da casa dos pais, ter independência, casar,
constituir uma família com um salário desses?
Se der, alguém me explique como”,
Líbia Ximenes-
libiaximenes@hotmail.com
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