Já estão abertas as
inscrições do Programa para a Valorização
de Iniciativas Culturais (VAI), da Secretaria Municipal de
Cultura de São Paulo, que irá apoiar financeiramente
atividades artístico-culturais, principalmente de jovens
de baixa renda, desenvolvidos por pessoa física ou
jurídica sem fins lucrativos. Será direcionado
R$ 1 milhão para projetos orçados em até
R$ 16 mil, em diversas linguagens, como teatro, discos independentes,
livros, fanzines, bibliotecas comunitárias, grupos
de dança, entre outros.
A proposta do programa é estimular a criação,
a formação e a participação do
pequeno produtor e criador no desenvolvimento cultural da
cidade, além de promover a inclusão cultural.
"Queremos investir nos milhares de talentos que existem
na periferia e que, normalmente, trabalham sem subsídios
ou apoio. São artistas ocultos, mas que desenvolvem
grandes projetos. A idéia é resgatar a dignidade
dessas pessoas e dar novas oportunidades", comenta Sulla
Andreato, coordenadora do VAI.
A Comissão de Avaliação irá
selecionar as propostas segundo alguns critérios pré-estabelecidos,
como clareza e coerência do projeto, interesse público,
custos, criatividade, importância para a região
ou bairro e para a cidade. Segundo Sulla, o projeto que irá
concorrer à seleção já deve ter
uma continuidade e realmente necessitar de recursos para o
seu desenvolvimento e consolidação, além
de ser um trabalho coletivo, com a participação
da comunidade local. Seriedade das ações e sensibilidade
dos coordenadores também é importante.
Os projetos selecionados irão receber o valor em
três parcelas, a critério da Comissão
e de acordo com o cronograma de atividades. Caso a proposta
não resultar em evento gratuito, deverá destinar
no mínimo 10% de seus produtos ou ações
como devolução pública, sob forma de
ingressos, doação para escolas e bibliotecas,
entre outros. A Secretaria Municipal de Cultura irá
acompanhar o desenvolvimento dos projetos por meio de relatórios
de atividades, que deverão apontar resultados previstos
e efetivamente alcançados, os custos estimados e reais
e a repercussão da iniciativa na comunidade.
Em 2003, 66 projetos de todas as regiões da cidade
receberam aporte financeiro do VAI. Foram cerca de 645 inscrições,
principalmente vindas da zona Leste e Sul, as maiores do município.
Neste ano, a coordenadora acredita que mais de 1200 projetos
deverão ser encaminhados para a Secretaria. "Os
resultados são aparentes. Essas pessoas são
outras hoje. Antes eram oprimidas. Agora, ganharam auto-estima.
Apesar de muitos acharem que o recurso é pouco, para
eles é muito. Isso ajuda a crescer", destaca Sulla,
afirmando que muitos projetos passaram a receber apoio também
de outras iniciativas e financiadores, além de serem
convidados para apresentações e exibições
dos seus trabalhos.
Isso é o que ocorreu com o projeto Tecendo a Nossa
História, coordenado pela socióloga Valdirene
Ferreira Gomes, e desenvolvido nas organizações
Associação Novo Amanhecer e Centro de Atenção
à Saúde Sexual e Reprodutiva da Mulher, ambas
na Cidade Tiradentes, zona Leste de São Paulo. No projeto,
cerca de 50 crianças e jovens, de oito a 19 anos, participaram
de oficinas de produção de bordado que foram
transformados em painéis e expostos inicialmente no
Centro de Educação Unificado (CEU) Inácio
Monteiro e agora está na EMEF Professor Maílson
Delane, também no bairro. Em dezembro, a mostra vai
para a Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Valdirene explica que o diferencial deste trabalho com o
bordado é que, ao contrário do que ocorre normalmente,
em que o "artista" apenas copia um desenho de revistas
especializadas no assunto e reproduz no tecido, neste caso,
ele cria o seu próprio desenho de acordo com a sua
história, escolhe o material que desejar e depois passa
para o pano. Para isso, os participantes são sensibilizados
por filmes, debates e também com visitas a exposições.
A idéia é fazer uma articulação
com a realidade e que os participantes reflitam sobre isso.
No final, o grupo monta um painel coletivo. "É
como se, com o bordado, ele fosse construindo coisas internas,
elaborasse o seu trabalho e depois, no painel, discutisse
o seu papel na sociedade, a partir das relações
sociais que se criam", comenta. De acordo com a socióloga,
já foi possível perceber mudanças nos
comportamentos dos participantes. Na Associação
Novo Amanhecer, por exemplo, voluntários se dispuseram
a dar continuidade às atividades e repassar o que aprenderam
para as pessoas da Terceira Idade da comunidade.
"Há mudanças fundamentais como, por exemplo,
pessoas que perceberam que sabem e podem pintar ou que começaram
a ler mais. Além disso, há um garoto que se
mostrou agressivo no início, mas que, com as atividades,
percebeu que quer ser artista plástico e agora presta
mais atenção nas chances que aparecem na sua
vida", destaca Valdirene.
Serviço
Os interessados em participar do VAI deverão
fazer suas inscrições até o dia 16 de
novembro, de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h,
nos seguintes locais:
Secretaria Municipal de Cultura
Endereço: Avenida São João, 473, 9o andar,
Centro
Telefone: 3334-0001, ramal 1909
- Zona Norte
Teatro Alfredo Mesquita
Endereço: Avenida Santos Dumont, 1770, Santana
Telefone: 6221-3657
- Zona Leste
Teatro Martins Penna
Endereço: Largo do Rosário, 20, Penha
Telefone: 293-6630
Teatro Flávio Império
Endereço: Rua Alves Pedroso, 600, Engenheiro Goulart
Telefone: 6621-2719
Teatro Arthur Azevedo
Endereço: Avenida Paes de Barros, 955, Mooca
Telefone: 6605-8007
- Zona Oeste
Teatro Cacilda Becker
Endereço: Rua Tito, 295, Lapa
Telefone: 3864-4513
- Zona Sul
Teatro Paulo Eiró
Endereço: Rua Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Telefone: 5546-0449
Teatro João Caetano
Endereço: Rua Borges Lagoa, 650, Vila Mariana
Telefone: 5573-3774
As informações são
do site Setor3.
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