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A prefeitura paulistana reduziu
o número de novas bases da GCM (Guarda Civil Metropolitana)
que seriam construídas na cidade. Dos 20 postos previstos,
somente cinco serão entregues nesta gestão da
prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição.
O plano de obras, publicado no dia 10 de fevereiro no "Diário
Oficial", enumera o custo e a localização
das bases previstas no Orçamento Participativo, método
de gestão introduzido na cidade pela petista para que
os paulistanos participem mais ativamente da aplicação
dos recursos.
A implantação das 20 bases e de uma oficina
mecânica para a manutenção dos veículos
da guarda custaria R$ 5,8 milhões. Neste ano, haverá
R$ 1 milhão disponível para o programa, valor
suficiente para a construção de apenas cinco
postos comunitários. Houve um congelamento de recursos.
Com essa redução, muitos distritos da cidade
com altos índices de violência terão de
esperar para receber as bases, um centro de comando das operações
da guarda na região. É de lá que saem,
por exemplo, as rondas de bicicleta e motorizadas da GCM.
Campo Limpo, na zona sul, é uma região que sofre
com o grande número de estupros.
Registrou a segunda pior taxa -até 14 casos por grupo
de 100.000 habitantes- da cidade entre 2000 e 2002, segundo
cruzamento feito pela Fundação Seade com estatísticas
da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Nenhuma das três bases será construída
neste ano.
Nem é preciso ir à periferia da cidade para
observar índices alarmantes de violência. Na
Vila Mariana, região nobre de São Paulo, houve
no período analisado de 2 a 5 furtos ou tentativas
de furto para cada grupo de cem habitantes. O distrito também
não receberá a sua base da GCM.
Os distritos privilegiados com os postos serão Ermelino
Matarazzo, Mooca, Itaquera (na zona leste), Perus (na zona
norte) e Jabaquara (na zona sul).
Mas mesmo essas áreas terão prejuízos
com o corte no Orçamento. Ermelino Matarazzo receberia
quatro bases, na previsão inicial. A Mooca, três.
Agora, cada distrito terá apenas uma.
"No governo Marta, o Orçamento Participativo transformou-se
em mais uma forma de enganar a população",
critica o vereador tucano Roberto Tripoli.
O contingenciamento declarado na área de segurança
não é um fato isolado na gestão Marta,
apesar de a prefeitura negar que esteja congelando recursos
em outras pastas. A prefeitura quer vender 12 terrenos e imóveis
públicos para reduzir o déficit e se enquadrar
na Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas nem todas as áreas
da administração paulistana estão sofrendo
com o arrocho orçamentário. A prefeita Marta
Suplicy já empenhou todos os R$ 39 milhões de
seu Orçamento deste ano para gastos com publicidade.
Se a prefeita utilizar todo o dinheiro, encerrará seus
quatro anos com uma despesa publicitária de R$ 159,6
milhões, segundo cálculo de vereadores tucanos
-6% a mais do que o aplicado em publicidade pelo ex-prefeito
Paulo Maluf (PP), candidato à sucessão de Marta
Suplicy.
FABIO SCHIVARTCHE
da Folha de S.Paulo
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