Dois dos poucos bairros de São
Paulo que conseguiram conservar a característica de
área residencial, com pouca verticalização,
o Sumaré e o City Lapa (ambos na zona oeste) vão
ser tombados pelo Condephaat (órgão estadual
responsável pelo patrimônio histórico
do Estado) neste ano.
Bairros de classe média alta,
as duas regiões integram a lista das áreas mais
valorizadas pelo mercado imobiliário da cidade.
O Sumaré e o City Lapa integram
um grupo de nove tombamentos que serão realizados em
2004, segundo a secretária de Estado da Cultura, Cláudia
Costin.
Marcos da arquitetura moderna em São
Paulo, os edifícios Copan e Conjunto Nacional também
entraram na lista junto com o prédio do Banespa, o
viaduto do Chá, a catedral da Sé, o Mercado
Central e o galpão localizado no bairro do Bom Retiro
onde foi fundado o Sport Club Corinthians.
Segundo o presidente do Condephaat,
José Roberto Melhem, com o tombamento tanto os edifícios
quantos os bairros ficam protegidos contra alterações
em suas fachadas, estruturas básicas e até na
vegetação. Isso porque qualquer mudança
urbanística só será feita com autorização
do órgão.
Melhem diz que ainda há cerca
de outros dez tombamentos previstos para o ano. Entre eles
estão o Centro Cultural Banco do Brasil e a Vila Itororó,
na rua Martiniano de Carvalho. Ele explica que as edificações
fazem parte de um grupo de processos em estudo há mais
de três anos. Para ele, com o aniversário de
São Paulo, "os tombamentos na capital ganham uma
nova dimensão".
Para a arquiteta e urbanista Regina
Monteiro, diretora-executiva do Movimento Defenda São
Paulo, o tombamento dos bairros é "uma grande
vitória da sociedade organizada". Ela rejeita
a idéia de que os bairros serão "congelados"
e afirma que eles terão suas características
protegidas. "É uma garantia de manter a história
e a qualidade do bairro", diz.
A secretária Cláudia
Costin anunciou os tombamentos durante a cerimônia de
lançamento do calendário
de eventos dos 450 anos da cidade -uma série de pequenas
festas, exposições, concertos, shows e apresentações
de teatro e dança que serão realizadas de janeiro
a junho.
US$ 30 milhões
Costin anunciou também a criação de nove
pólos culturais na periferia da cidade, batizados de
"fábricas de cultura". O projeto de US$ 30
milhões ainda depende do aval do Senado para um empréstimo
de US$ 20 milhões a ser tomado do BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento).
Segundo a coordenadora técnica
do projeto, Maria Amélia Fernandes, as fábricas
de cultura não são escolas convencionais, mas
centros que abrigarão teatro, música, dança,
"multimeios" (computação gráfica,
cinema, vídeo etc) e artes plásticas. O conteúdo
das oficinas, no entanto, será definido junto com a
comunidade.
ISABELLE MOREIRA LIMA
da Folha de S.Paulo
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