Seis dos 39 hospitais-dia de saúde mental da
Prefeitura de São Paulo deixaram de fornecer refeições
para pacientes que fazem tratamento em período integral.
A falta de café da manhã, almoço e lanche
da tarde, que começou em 26 de janeiro, já mudou
a rotina das unidades e mobilizou até famílias
de pacientes, que doaram alimentos e se mobilizaram para preparar
as refeições no próprio hospital. Segundo
a prefeitura, o fornecimento deve ser normalizado em março.
Na Zona Sul, a suspensão das
refeições atinge um hospital no Jabaquara, três
em Santo Amaro e um no Campo Limpo. Na Zona Norte, a unidade
de Pirituba também está sem contrato para o
fornecimento das refeições, mas a Autarquia
Hospitalar Central está suprindo o local com as refeições
necessárias.
Os pratos ficaram vazios porque o
contrato com os fornecedores de comida acabou e não
foi renovado na hora certa. O acordo assinado com a empresa
Apetece acabou em 26 de janeiro. Nenhuma outra empresa foi
contratada para continuar o fornecimento. Em Campo Limpo e
em Pirituba, uma licitação de emergência
está em andamento.
No Jabaquara há uma troca de
acusações. A subprefeitura alega ter um contrato
com a Apetece, prorrogado até 20 de março, e
acusa a empresa de suspender a entrega de refeições
em função de atrasos no pagamento. A própria
Apetece garante que o contrato expirou e não foi renovado.
Em Santo Amaro, um contrato de emergência foi assinado,
segundo a Secretaria de Saúde.
Normalmente um novo acordo de prestação
de serviços é feito antes que o contrato original
seja encerrado. Os pacientes que ficaram sem as refeições
se recuperam de problemas graves. São doentes que precisam
de tratamento diário intensivo e de acompanhamento
especializado.
Soluções próprias
Enquanto o fornecimento não é normalizado, cada
unidade ou subprefeitura criou uma solução própria
na tentativa de amenizar o problema gerado pela falta das
refeições. A unidade Largo 13, no Jardim Dom
Bosco, na região de Santo Amaro, contou com o apoio
dos parentes dos pacientes, que doaram alimentos e se organizaram
para fazer as refeições. Tal situação
durou até a semana passada. Nesta semana, o almoço
foi fornecido pelo Hospital do Campo Limpo. Mesmo assim, os
pacientes continuam sem o lanche da tarde e têm de ir
para casa uma hora antes do previsto.
O hospital-dia do Jabaquara contou
com a colaboração em dinheiro dos funcionários
da própria subprefeitura. “Estamos nos cotizando,
comprando gêneros e preparando as refeições
na própria unidade até que a situação
se normalize”, explica o coordenador de Saúde
da Subprefeitura do Jabaquara, Wilson Pereira de Souza. É
uma decisão solidária elogiável, mas
que não resolve.
Os pacientes do hospital-dia
Jardim Lídia, na região do Campo Limpo, estão
fazendo o tratamento em meio-período e só tomam
lanche. A Coordenadoria de Saúde da subprefeitura conseguiu
da Secretaria Municipal de Abastecimento achocolatado e bolachas.
VIVIANE RAYMUNDI
do Diário de S. Paulo
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