Desorientados. Nessa situação
ficaram os funcionários do Zoológico de São
Paulo após as mortes de mais três animais, ocorridas
na manhã de sábado. “Nem raticidas temos
mais para alegarem algum problema operacional nosso”,
afirmou o chefe da Divisão de Ensino e Divulgação
do zôo, Mario Borges da Rocha. Ninguém arrisca
palpites, mas a hipótese de crime intencional começa
a ganhar espaço. Treze mamíferos morreram desde
24 de janeiro.
A maneira como ocorreram as mortes
da orangotango Karen, do bisão europeu de quatro meses
e do dromedário, na manhã de sábado —
oito dias depois da 10ª morte registrada —, deixou
os técnicos do zôo bastante intrigados.
Eram 7h quando os tratadores fizeram
a primeira ronda do dia para verificar se os animais que vivem
em recintos abertos estavam bem. “O dromedário
e o bisão estavam vivos e nada de anormal parecia acontecer”,
explicou a bióloga Fátima Valente Roberti.
Na segunda ronda, às 8h, o
bisão foi encontrado morto. O animal, que vive até
20 anos e está quase extinto na natureza, convivia
com outros sete espécimes. Enquanto veterinários
verificavam o que tinha ocorrido, problemas aconteciam no
recinto dos três dromedários. Um macho de oito
anos, vindo da Espanha, estava caído sofrendo uma crise
convulsiva. “Não houve tempo de fazer nada. Em
minutos, ele estava morto”, disse Fátima.
O zoológico estava sendo aberto
para o público (eram 9h), quando os funcionários
foram soltar o casal de orangotangos Karen e Yok — que,
diferentemente dos grandes dromedários e bisões,
não ficam em locais abertos durante a noite. Ao abrirem
a porta do recinto, a primata, vinda do Zoológico de
San Diego, em 1975, estava morta. A espécie é
uma das que mais corre risco de extinção no
mundo.
Cuidados
Segundo Borges, a ração utilizada na alimentação
dos animais que morreram já chegou a ser trocada e
houve investigação na fazenda em Araçoiaba
da Serra, a 112 quilômetros da Capital, que produz frutas
e verduras para o zôo. Ele também afirma que
o raticida, alvo de suspeitas, não é mais usado.
“Reforçamos a segurança
e investigamos todas as possibilidades para eliminar qualquer
possível falha nossa. Mesmo assim, voltou a acontecer”,
afirmou Borges. Ontem, o governador Geraldo Alckmin afirmou
estar acompanhando as investigações. Ele acredita
que a polícia civil vai “esclarecer rápido”
a autoria do possível envenenamento.
Para boa parte dos visitantes, alguém
está envenenado os animais (foram encontrados fluoracetato
de sódio e diacumarínico nos animais mortos,
usados como raticidas). “Não dá para acreditar
que ratos estão levando veneno ou que o zoológico
falhe tanto”, opinou o arquiteto José Luiz Arbiero,
de 27 anos, que passeava no local.
A dona-de-casa Augustina Sampaio Lins,
de 32 anos, também acredita em crime. “Quem faz
isso tem que ficar muito tempo na cadeia. É uma judiação
com os bichos”, disse.
DIMAS MARQUES
do Diário de S. Paulo
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