PARIS e SÃO PAULO - O Brasil está se preparando para ''viver
sem a ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional)'',
disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em
entrevista ao jornal francês Les Echos, publicada ontem.
Meirelles destacou o esforço do governo para ''reduzir
a vulnerabilidade externa'' melhorando o perfil da dívida
pública e recompondo as reservas internacionais.
"Em setembro, fixamos o objetivo de atingir US$ 20 bilhões
em reservas líquidas até o fim deste ano, e
em fevereiro já estamos em US$ 21 bilhões",
afirmou.
O presidente do BC defendeu mais uma vez a cautela do Comitê
de Política Monetária (Copom), que no mês
passado interrompeu a seqüência de reduções
na taxa básica (Selic):
"Não haverá crescimento e emprego num
contexto inflacionário", alertou.
O Copom fixa hoje os juros que vão vigorar no próximo
mês. Em janeiro, a expectativa dos analistas de mercado,
que apostavam num corte de 0,5 ponto percentual, acabou sendo
frustrada. Agora, com as advertências do BC sobre a
inflação, o consenso é de que não
haverá redução da Selic. Na entrevista,
Meirelles lembrou que a taxa já caiu dez pontos percentuais
desde meados do ano passado. Diante da perspectiva de alta
dos juros nos Estados Unidos, o que reduziria o fluxo de dólares
rumo ao Brasil, o presidente do BC afirmou que a atual política
monetária permitirá ao país ''se preparar
para um período de menor liquidez internacional''.
À espera do Copom, a Bolsa de Valores de São
Paulo interrompeu a seqüência de três quedas,
num dia de grandes oscilações. O Ibovespa, principal
índice do mercado, subiu 1,07%, para 22.426 pontos,
puxado pela valorização de ações
de empresas exportadoras. A expectativa é de desvalorização
do real frente ao dólar, com a retomada dos cortes
de juros, o que beneficiaria as empresas que produzem para
o mercado externo. A moeda americana subiu ontem 0,37%, fechando
vendida a R$ 2,92, maior cotação desde o último
dia 9. Usiminas PNA liderou os ganhos, com alta de 6,3%, enquanto
Vale do Rio Doce ON subiu 4,71%.
As informações são do Jornal do Brasil.
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