O sistema self-service, comum em
restaurantes de todo o país, chegou ontem a 400 escolas
da rede estadual de ensino. No lugar do prato pronto, colocado
nas mãos dos estudantes pela merendeira, um balcão
térmico oferece as opções de alimento
do dia e os alunos passam a ter o direito de escolha, de dosar
sua porção e até repetir o prato.
Um dos objetivos é incentivar a autonomia da criança
— mas o estado também espera diminuir o desperdício
de alimentos. Nas escolas de São Bernardo, no ABC,
onde o self-service existe desde 2002, a redução
do desperdício foi de 50%, segundo a prefeitura.
Segundo secretário estadual de Educação,
Gabriel Chalita, o prato feito inibe principalmente o adolescente
da 5ª a 8ª séries, que por vergonha dos amigos
prefere não comer.
Ele acredita que, com o self-service, os jovens vão
vencer a inibição e as crianças vão
aprender a escolher e dosar o querem comer. “Até
o fim do ano, o projeto estará em mais 200 escolas”,
disse. A meta é implantar o self-service nas 4.000
escolas de ensino fundamental da rede em até três
anos. Atualmente, segundo Chalita, o estado gasta R$ 150 milhões
por ano em merenda.
Novos hábitos
Para a diretora Luciene Souza Fidélis, da Escola Estadual
João Boemer Jardim, em Brasilândia, Zona Norte,
as crianças vão criar novos hábitos.
“Há criança nessa escola que só
conhece arroz e feijão, porque é só isso
que ela tem em casa”, disse. O projeto prevê que
os professores vão orientar os alunos para que eles
experimentem de tudo e evitem desperdício. Ontem, na
escola da Brasilândia, os próprios alunos tentavam
entrar no espírito do projeto. “Amanhã
vou pegar menos porque hoje deixei um monte no prato”,
dizia Tainá dos Anjos Silva, de 7 anos, aluna da 2ª
série.
VIVIANE RAYMUNDI
do Diário de S. Paulo
|