Vanessa Sayuri Nakasato
Veridiana Novaes
Os estudantes da Escola Estadual Prof.
Alves Cruz, Ulisses Santa’ana, 17, e Lucas Piaui Lino,
16, afirmam estar sendo perseguidos e retaliados por seus
professores. “Sinto que não estou mais sendo
visto como um aluno comum. Parece que me olham como alguém
que poderá fazer algo de mau”, comenta Ulisses,
que diz pretender mudar de escola caso o “clima não
melhore”.
Ambos são mentores da manifestação
ocorrida na Diretoria de Ensino do Centro-Oeste (Deco), no
último dia 15. Cerca de 50 alunos dessa escola reivindicaram
maior comprometimento do diretor Wilson Roberto Pedroso e
soluções para problemas como vandalismo, falta
de aulas e policiamento.
Segundo Lucas, alguns professores
não gostaram do protesto e acham uma perda de tempo
tentar mudar o sistema da escola. “Teve professor que
definiu o ato como inútil e mera “pagação
de mico” dos alunos.”
Os estudantes levaram até a
Deco um abaixo assinado com 140 assinaturas, um número
relevante para uma escola com 743 alunos matriculados. O cabeçalho
do documento pedia medidas como: uma escola mais organizada;
uma direção mais presente; uma Associação
de Pais e Mestres mais atuante; aulas melhores com menor número
de alunos por sala e uma escola sem violências e depredações.
Conforme a dirigente da Deco, Valkyria
Cattani, a diretoria tomará as providências necessárias.
“Nós não vamos nos omitir, ninguém
vai ficar em cima do muro e vamos correr atrás dos
fatos.”
A supervisora de ensino Maria Cecília
Sarno, responsável pela averiguação,
já fez a primeira vistoria. “Tudo será
feito dentro da legislação vigente, com investigação
precisa e possível encaminhamento de um processo para
o secretário estadual de educação, Gabriel
Chalita”, ressaltou Valkyria.
Para o advogado da Udemo - Sindicato
de Especialistas de Educação do Magistério,
Antônio Marmo Petrere, que defende Pedroso, a culpa
de tanta desordem está longe de ser do diretor. “Nos
últimos meses, cinco diretores já passaram pela
Alves Cruz. E estão tentando tirar Wilson do cargo
também. A diferença é que, desta vez,
não vão conseguir, pois ele vai brigar por sua
permanência até o fim.”
Petrere atribui ao Projeto Fênix,
organização não-governamental (ONG) atuante
dentro da escola, os conflitos entre alunos e docentes. “Aqueles
que participam dessa ONG não assistem às aulas,
conturbam o ambiente, fazem manifestações de
caráter político e adoram promover barulhos
desnecessários na mídia. A verdade é
que o Fênix não aceita a figura de autoridade
na escola.”
Entretanto, essa não
é a opinião de Valkyria. Conforme a dirigente
da Deco, Fênix faz um trabalho fantástico na
escola. Ela também elogia outras ações
existentes na Alves Cruz. “A Escola da Família
é essencial para os alunos e o projeto Guri faz um
trabalho espetacular. São mais de 280 alunos atendidos
por esses trabalhos sociais”.
No ano passado, o Projeto Fênix
ganhou o Prêmio Itaú-Unicef como um dos dez melhores
trabalhos realizados no período de 2002/2003. Ele foi
escolhido entre 1.834 ONGs concorrentes no tema “Muitos
lugares para Aprender”.
A próxima reunião dos
alunos com a Deco está marcada para o dia 6 de julho.
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