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Quem vai ao aeroporto internacional
de Cumbica pela rodovia Hélio Smidt, já bem
pertinho de chegar, pode observar do lado esquerdo da pista
uma plantação em linha de eucaliptos. Não
dá para ver, mas atrás da cortina verde, esconde-se
o Jardim Marilena.
O Marilena, mais o Planalto, o Santa Lídia, o Malvinas,
o Seródio, o Novo Portugal e a Cohab Haroldo Veloso,
bairros de Guarulhos, cederão parte de suas áreas
para a ampliação do novo terminal do aeroporto.
É, ao todo, 1,43 quilômetro quadrado. O espaço
se incorporará ao que os técnicos chamam de
"sítio aeroportuário de Guarulhos".
Hoje, o sítio tem 14 quilômetros quadrados.
Dentro do novo perímetro do sítio, contudo,
há um problemão: 5.300 famílias, com
suas casas de alvenaria barata, infra-estrutura péssima
e esgoto a céu aberto, que invade tudo quando chove.
O EIA-Rima menciona o reassentamento das famílias em
novas áreas urbanizadas "com toda a infra-estrutura".
O superintendente de Guarulhos, Miguel Choueri, fala dos projetos
sociais que o aeroporto realiza, visando à "requalificação
profissional e reinserção" dos habitantes
do entorno.
Mas os invisíveis habitantes além da cortina
de eucaliptos só conversam agora sobre o medo de perder
suas casas.
"Eu quero ficar aqui", diz a síndica da rua
Monsenhor Paulo, Ester Albuquerque, 33, casada, quatro filhos
e "totalmente contra" a ampliação.
Ela sabe que as duas casas ocupadas por sua família
(a sogra mora ao lado) foram erguidas em áreas invadidas.
"Mas a gente não tinha alternativa. Depois, prometeram
legalizar."
A ocupação desordenada do entorno do aeroporto
é um problema sério para a aviação.
Originalmente, a várzea do rio Baquirivu-Guaçu,
onde se localiza Cumbica, era habitada por aves aquáticas.
Com a crescente presença humana, essas aves foram substituídas
pelos urubus, que se alimentam do lixo urbano.
O problema dos urubus é o risco de eles causarem acidentes
ao ser engolidos pelas turbinas das aeronaves. A preocupação
é tamanha que até uma divisão de biologia
foi aberta no aeroporto, com o objetivo de afastar as aves.
Também existe o problema da segurança das famílias
nas proximidades das cabeceiras das pistas. Apenas quatro
anos depois da inauguração de Cumbica, um avião
de carga da Transbrasil caiu sobre várias casas e barracos
nas proximidades, matando 21 pessoas. Hoje, elas estão
mais próximas.
As informações são da Folha de S.Paulo.
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