Parada no meio-fio da praça
Panamericana (zona oeste), em São Paulo, a balconista
Evanilda Sônia, 23, olhou para um lado, para o outro.
Não viu carro algum. Podia atravessar a rua.
Foi ela colocar o pé no asfalto que já ouviu
o barulho da freada. Sônia quase foi atropelada ao lado
de uma placa de anúncio imobiliário que escondeu
de sua visão o veículo que se aproximava.
Como se não bastassem as propagandas eleitorais que
confundem e dispersam o olhar, o paulistano ainda tem de enfrentar,
aos finais de semana, um exército de placas e cavaletes
que anunciam empreendimentos imobiliários e são
dispostos como barreiras nas esquinas e canteiros centrais
de grandes avenidas de São Paulo.
"É uma lixarada isso tudo", queixa-se Lúcia
Reale, 46, num ponto de ônibus da avenida Heitor Penteado.
Ao lado do ponto, um cavalete bloqueava a visão do
ônibus que se aproximava.
Amarrados a postes, as placas e os cavaletes são colocados
nas ruas nas noites de sexta-feira e retiradas na tarde de
domingo. "Usamos os postes de indicação
de rua porque são mais finos e precisam de menos arame
para serem amarrados", explica João Marcos, 55,
que trabalha para uma das empresas de anúncio.
A proliferação desse tipo de anúncio
tem enfurecido os pedestres. Alguns mais exaltados partem
para o ataque: deitam as placas no chão, danificam
sua estrutura, arrancam-lhe os pés.
Um motorista que não estiver totalmente familiarizado
com seu trajeto e topar com cinco placas numa esquina -situação
que a reportagem encontrou mais de duas vezes em bairros como
Pinheiros, Aclimação e Alto da Lapa-, pode se
confundir, causar transtornos ou mesmo acidentes.
FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo
|