Em cinco das dez unidades do programa
Farmácia Dose Certa, inauguradas ontem em São
Paulo pelo governo estadual, os usuários têm
de comprar uma passagem do metrô (R$ 1,90, mas temporariamente
vendidas a R$ 1,80) para ter acesso à distribuição
gratuita de medicamentos --isso porque as farmácias
ficam dentro das estações do metrô.
Esse é o caso das unidades Sé, Ana Rosa, Itaquera,
Brás e Barra Funda. As demais (Clínicas, Saúde,
Santana, Tucuruvi e Carrão) estão do lado de
fora da catraca.
A decisão foi criticada ontem por usuários.
"Isso causa muito transtorno. Eu estava sem o dinheiro
da passagem e tive de esperar das 14h às 16h para conseguir
entrar. Chamei o responsável pela segurança,
aí ele chamou uma funcionária da farmácia
que teve de ir lá na catraca ver a minha receita. Foi
a maior confusão", disse a psicóloga Marilisa
Sant'anna Henriquez, 58, que foi ontem à unidade da
estação Sé.
Outro aspecto que confundiu os usuários foram as exigências
feitas pelo programa para a entrega da medicação.
Para receber os remédios o paciente deve apresentar
uma receita médica com três requisitos: ser emitida
por um posto de saúde ou hospital da rede pública,
conter o nome do princípio ativo do medicamento, não
a denominação comercial, e estar dentro da validade.
Essas três exigências prejudicaram a aposentada
Terezinha Santos Nascimento, 68, que foi ontem à unidade
da estação Ana Rosa em busca de um medicamento
para tratar a infecção bacteriana que tem no
estômago. A receita foi emitida pelo médico de
um convênio, indicava um remédio que o projeto
estatal não distribui e era do início de agosto.
"Ainda não comecei a me tratar porque não
tenho dinheiro suficiente."
Já a faxineira Izabel Maria de Matos, 65, conseguiu
parte dos medicamentos que procurava. Ela voltou para casa
com digoxina e furosemida, mas sem o captopril --todos remédios
cardiovasculares. "Fui antes em um posto de saúde,
onde não encontrei nenhum. Aqui só faltou um."
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de São
Paulo, José Erivalder Guimarães de Oliveira,
em vez de distribuir remédios nas estações
do metrô, o governo estadual deveria reforçar
os estoques de medicamentos básicos nos postos de saúde.
As unidades funcionam de segunda a sexta, das 8h às
17h. Entre os remédios distribuídos estão
analgésicos, antitérmicos e antibióticos.
Veja a relação completa em www.folha.com.br/042541.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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