Primeiro o luxo, depois o lixo.
Agora, a contemporaneidade. A Prefeitura de São Paulo
inaugurou ontem, em um dos pontos fundamentais da boemia paulistana
da década de 50, a Galeria Olido, novo centro cultural
voltado para a cultura contemporânea da cidade.
Aberta dez dias antes do início da programação
-seja por estratégia política, seja para tentar
conquistar uma interação imediata com o público-,
a galeria conta com um espaço de 9.000 m2 divididos
em cinco andares e em oito áreas artísticas
e tecnológicas: cinema, teatro, dança, fotografia,
áudio, vídeo, circo e informática.
Com parte de sua estrutura voltada para a administração
pública -abrigando as sedes da Secretaria da Cultura
e da Secretaria do Abastecimento-, o prédio do antigo
cinema começou a ser reformado em agosto do ano passado,
depois da decadência dos anos 90. A saída encontrada
pela prefeitura para pôr o prédio em ordem foram
parcerias com outras instituições.
"[A obra] foi feita de forma heterodoxa. Não
tínhamos dinheiro para a reforma. Os gastos foram assumidos,
então, pela imobiliária Savoy e a prefeitura
pagará 1% do valor incorporado ao aluguel durante os
cinco anos de contrato", explicou o secretário
Celso Frateschi. O total da reforma do prédio foi estimado
em R$ 2,5 milhões. "A prefeitura quase não
gastou", completou.
O Santander-Banespa foi o parceiro responsável pela
sala de cinema de 240 lugares do Olido. O banco doou R$ 240
mil. Já a Petrobras doou R$ 2 milhões para os
dez primeiros meses de funcionamento, período de implantação
do centro cultural.
"A idéia inicial era fazer um anexo do Teatro
Municipal com sete andares. Mas não faria sentido criar
outra sala de concerto que não trouxesse uma nova função.
Resolvemos fazer algo que dialogasse com a cidade. Um espaço
nobre, mas não elitista, que estimulasse o convívio
das várias tribos paulistanas", explicou Frateschi,
durante a visita guiada pelo espaço com a Folha.
Uma das artes mais privilegiadas pelo espaço foi a
dança, com um total de cinco salas especiais, sendo
duas delas totalmente destinadas à produção,
outras duas destinadas também à exibição
e, a última, a simpática "vitrine da dança",
voltada para oficinas especiais durante a semana e bailes
públicos nos fins de semana.
Entre as maiores novidades, estão o circense "Espaço
Piolin", "um centro de referência do riso"
que conta com uma pequena marquise-palco voltada para a rua
D. José de Barros, e a oficina de reciclagem de computadores.
O Olido é formado ainda pelo Cine Olido, que abriga
240 pessoas; pela Sala Olido, de espetáculos, para
300 pessoas; um teatro com 128 lugares e dois salões
de exposições de artes visuais. Entre os equipamentos
menores, estão um posto de informações
do Anhembi, uma sala de registro de depoimentos para o Museu
da Cidade, um posto da Guarda Civil Metropolitana e um telecentro.
O último andar, voltado exclusivamente à produção,
ainda está em obras. Ele abrigará o projeto
de cultura digital, incluindo laboratórios de áudio,
vídeo e design.
ISABELLE MOREIRA LIMA
da Folha de S.Paulo
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