Preocupadas com os casos de violência
contra alunos, escolas de São Paulo têm levado
sistemas de segurança para fora dos muros. Colégios
como Dante Alighieri e São Luís, no centro,
e Santo Américo, na zona sul, instalaram câmeras
no entorno. Motociclistas do Santa Cruz circulam em volta
da escola -o colégio, porém, preferiu não
detalhar sua vigilância.
No Dante, há porteiros e 14 seguranças para
a área externa e cem para a interna, segundo o site
da instituição. As calçadas são
monitoradas por câmeras. Dentro, são 72 aparelhos.
No São Luís, dos 60 aparelhos, 5 filmam as ruas
adjacentes.
O Santo Américo orienta o aluno a usar casaco sobre
o uniforme fora da escola. "Não temos muitos alunos
que voltam a pé. Sabemos que um aluno com nosso uniforme
sozinho na rua é alvo", diz o reitor, dom Geraldo
Gonzalez, 44.
Para evitar a ida dos alunos às ruas, os colégios
também promovem o embarque e o desembarque dentro da
instituição. O São Luís criou
uma "rua" só para carros identificados. Quando
os pais não podem buscar o aluno, um segurança
o acompanha até o metrô ou ponto de ônibus.
"Nossos seguranças não são terceirizados.
Eles sabem os nomes dos alunos, conhecem os pais e não
entregam as crianças a desconhecidos", afirma
o diretor, Jairo Cardoso.
Saem de dentro do Dante 36 ônibus, rastreados, com radiocomunicador
e vidro escurecido.
O seqüestro do estudante foi discutido em sala de aula
por uma professora de orientação educacional
do 1º ano do ensino médio do Santa Cruz, segundo
disseram à Folha três alunos. A escola não
avisou oficialmente os pais.
Segundo os jovens, foi pedido que não se comentasse
o tema fora da escola para evitar que a mobilização
dos pais levasse a pedido maior de resgate. Eles também
foram orientados a não ir a pé sozinhos ao shopping
Villa-Lobos, na região, onde muitos almoçam.
Ontem à tarde, um funcionário do Santa Cruz
tentou impedir a Folha de abordar pais e alunos diante do
colégio. Nas últimas semanas, um carro da PM
fica com freqüência na porta da escola.
O seqüestro levou pais e estudantes a mudar hábitos.
Um adolescente de 15 anos relatou que foi proibido pela mãe
de voltar a pé para casa -trajeto de 15 minutos.
A.M.C.P., 43, mãe de dois alunos, diz que teve o carro
furtado na rua da escola na última sexta. "Todo
mundo está estressado."
M.C.R., 37, cujos filhos de 5 e 7 anos também estudam
no Santa Cruz, diz que "todo mundo vive com medo".
"Venho com meu motorista pegá-los."
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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