Três novas pontes sobre os
principais rios da cidade, um túnel, um parque aquático,
novas avenidas, centros de tênis e de lutas. Tudo isso
consta dos projetos de três operações
urbanas detalhadas ontem pela prefeitura, mas ainda depende
de recursos incertos da iniciativa privada.
As novas operações urbanas compreendem três
áreas da cidade: Butantã-Vila Sônia (zona
oeste), Vila Maria-Campo de Marte (zona norte) e Vila Leopoldina-Jaguaré
(zona oeste, perto da USP). Também está sendo
finalizado o texto da Diagonal Sul, que abrange bairros como
Ipiranga, Vila Prudente, Mooca, Brás e Pari.
No total, somam 55 quilômetros quadrados, o equivalente
a 34 vezes a área do parque Ibirapuera.
As operações urbanas são programas de
desenvolvimento de determinadas regiões da cidade,
em que a prefeitura faz investimentos, como obras, e implementa
mecanismos para revitalizar e mudar o entorno.
Questionada sobre a viabilidade das operações
urbanas, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT),
afirmou: "Depende se eu for eleita ou não, né?
Se eu for eleita, eu faço".
Dez anos
O secretário municipal do Planejamento, Jorge
Wilheim, que apresentou os projetos, fixou um prazo de dez
anos para que as mudanças estejam consolidadas.
Para que as operações saiam do papel, é
preciso que os empresários, como os proprietários
de empreiteiras, decidam investir na região. Somente
assim a prefeitura poderá obter os recursos necessários
para as obras, já que a cidade está financeiramente
"engessada" pela dívida, como costuma dizer
a prefeita.
O principal mecanismo de implementação das
operações atualmente são os Cepacs (Certificados
de Potencial de Adicional Construtivo), títulos que
permitem a quem os compra construir acima do limite fixado
pela lei.
Assim, a prefeitura consegue recursos para obras que planeja
implementar na região e libera para as empreiteiras
a realização de grandes obras em áreas
que tendem a ser valorizadas.
No final de julho, a prefeitura conseguiu R$ 30 milhões
com o leilão de Cepacs da operação urbana
Água Espraiada. Com esse dinheiro, planeja construir
duas pontes sustentadas por cabos de aço, ao estilo
da Golden Gate, em São Francisco (EUA).
Dinheiro
A prefeitura já tinha feito os cálculos
de quanto deve arrecadar em Cepacs para a construção
das obras previstas, mas teve de refazê-los em razão
de mudanças na Lei de Zoneamento. Os novos cálculos
de arrecadação possível ainda não
estão prontos.
Essas mudanças provocaram, na cidade toda, uma perda
estimada de R$ 115,2 milhões, segundo o secretário
Wilheim.
As operações urbanas detalhadas ontem terão
os projetos enviados à Câmara Municipal ainda
neste ano, segundo Marta. Lá, têm de ser aprovados,
para só então começar a implementação.
O diretor de Projetos Urbanos da Secretaria de Planejamento,
José Magalhães Jr., explicou que o objetivo
das operações urbanas é "dar as
regras do jogo" antes que a própria cidade cresça
de maneira desordenada.
PEDRO DIAS LEITE
da Folha de S.Paulo
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