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milhões de adolescentes vão às urnas
em outubro; há 4 anos, eram 3,6 milhões
Participação de jovens, que não
são obrigados a votar, é proporcionalmente menor
no Sudeste; queda ocorre apesar de campanha do TSE
O número de jovens com 16 e 17 anos que tiraram títulos
de eleitor caiu 20% entre as eleições de 2004
e a deste ano. Para quem tem essa idade, o voto não
é obrigatório. No pleito de outubro, irão
às urnas 2,9 milhões de eleitores com 16 ou
17 anos. Em 2004, eram 3,6 milhões de adolescentes.
O número atual é inferior ao das eleições
de 1992, a terceira após a entrada em vigor da permissão
de voto a menores de idade e a primeira da qual a Justiça
Eleitoral mantém os dados relativos aos eleitores adolescentes.
Naquele ano, quando a população do país
era menor, havia 3,2 milhões de eleitores nessa faixa.
O desinteresse é maior nos Estados do Sudeste -no Nordeste
a participação proporcional dos adolescentes
dobra. A queda ocorre apesar de campanhas do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e de organizações estudantis
de estímulo ao registro dos eleitores.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas diz
que o jovem não se vê representado pelos candidatos.
"O sistema político não fala a linguagem
da juventude. É algo que parece muito formal, muito
quadrado", diz o presidente da entidade, Ismael Cardoso,
21. Ele, porém, afirma que a juventude "quer participar"
da política.
Neste ano, União dos Estudantes organizou uma campanha
chamada "Se liga, 16" para incentivar o registro
de jovens eleitores. Em Minas Gerais, a entidade levou cartórios
itinerantes a escolas para que estudantes fizessem o título.
Partidos políticos também fizeram campanhas
pela participação dos jovens pelo país.
O total de eleitores de 16 e 17 anos representa uma recuperação
em relação às eleições
de 2006, quando 2,5 milhões votaram, mas é uma
queda em comparação com o último pleito
municipal, há quatro anos.
No Maranhão, os adolescentes somam neste ano 4,3% do
eleitorado, enquanto nos Estados do Sudeste são 1,5%.
A cidade de São Paulo tem menos da metade do número
de jovens eleitores de Pernambuco, que tem menos habitantes.
A cientista política da UnB (Universidade de Brasília)
Lúcia Avelar, que pesquisa participação
política, diz que o dado é conseqüência
de um descrédito dos adolescentes com a questão
ética. "[Para os jovens,] a orientação
é menos ideológica e mais substituída
por valores éticos." Ela diz, porém, que
vem crescendo a participação da população
em associações e grupos com objetivos políticos.
Para Avelar, a reduzida participação de um segmento
onde o voto é facultativo projeta que o comparecimento
dos eleitores seria muito menor se eles não fossem
obrigados a votar.
Felipe Bachtold
Folha de S.Paulo
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