O uso
de carros-iscas é a nova arma das autoridades de segurança
e do poder público de Jundiaí para tentar conter
o aumento dos índices de criminalidade no município,
em especial os casos de furto de veículos.
Vinte carros populares que pertencem a moradores de áreas
com alto índice de furtos e roubos de veículos
passaram a ser monitorados por satélite em uma parceria
feita entre três seguradoras de Jundiaí, as polícias
Civil e Militar e a Guarda Municipal.
O monitoramento começou a ser feito há duas
semanas. Até agora, nenhum dos carros-iscas foi roubado.
Quando o veículo for levado pelos assaltantes, a seguradora
acionará a polícia, que poderá chegar
aos criminosos por meio dos rastreadores.
"Identificamos os carros e os locais mais visados pelos
criminosos. A intenção é chegar a desmanches
e identificar as quadrilhas", disse o delegado seccional
de Jundiaí, Paulo Afonso Bicudo.
Os bairros monitorados são o centro, o Anhangabaú
e a Ponte São João, locais onde esse tipo de
ocorrência é mais freqüente.
Estatísticas
Entre janeiro e março deste ano, o número
de carros furtados em Jundiaí cresceu 64% (subiu de
308 para 505). Os roubos de veículos também
registaram aumento, que foi da ordem de 42% (de 116 para 165),
em comparação ao mesmo período de 2003.
Os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública
também apontam um crescimento dos furtos (12%) e dos
roubos (26%).
Já o número de homicídios dolosos (com
intenção de matar) não apresentou alteração
significativa (dez, no primeiro trimestre de 2003, contra
nove, no mesmo período deste ano).
Se levado em conta os dados do último trimestre do
ano passado, os furtos e roubos de veículos e os roubos
em geral também aumentaram --53%, 6% e 17%, respectivamente.
A violência em Jundiaí vai contra uma tendência
estadual. Segundo a secretaria, houve uma redução
nos índices de criminalidade em São Paulo no
período.
Desentendimentos
O aumento da criminalidade de Jundiaí aconteceu
após uma crise institucional entre as autoridades policiais
da cidade.
Desentendimentos entre a Polícia Militar, a Guarda
Municipal e o Conseg (Conselho de Segurança) resultaram
na troca do comando da GM, no fechamento do conselho e até
em confrontos entre membros das corporações
nas ruas da cidade.
A situação levou o Ministério Público
a ingressar com uma ação civil pública
exigindo a integração das corporações.
O processo tramita na Justiça.
DIOGO PINHEIRO
da Folha de S.Paulo
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