O
nível de emprego e de salário na indústria
brasileira voltou a crescer no mês de junho, embalado
pelo aumento da produção. Na comparação
com junho do ano passado, o pessoal ocupado aumentou 1,6%
e a folha de pagamentos, 8,4%, conforme a Pesquisa Industrial
Mensal de Emprego e Salário do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística. Na comparação
com maio, os indicadores se expandiram 0,5% e 0,7%, respectivamente.
No acumulado do ano, pela primeira vez o indicador de emprego
está positivo na comparação com o mesmo
período de 2003. A variação foi de 0,1%.
Já os rendimentos cresceram expressivos 8,9%.
"A pesquisa do IBGE confirma o crescimento do emprego
formal que vem aparecendo em outras bases de dados, como a
do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged.
Não resta dúvida de que são números
a serem comemorados. Com exceção do ano 2000,
isso não se via no país há 15 anos ",
disse Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais
da Fundação Getúlio Vargas.
O economista André Macedo, do IBGE, explicou que a
recuperação no emprego e nos salários
ainda é puxada pelos setores exportadores, como meios
de transporte (6,2% de crescimento na comparação
com junho de 2003). Também destacaram-se máquinas
e equipamentos (13,7%) e alimentos e bebidas (3,6%). Das 18
atividades pesquisadas, 12 mostraram crescimento e seis queda,
entre elas vestuário (-9,7%) e produtos de metal (-7,4%).
O economista observou que, por enquanto, os setores que dependem
mais do crédito, como eletroeletrônicos estão
reagindo mais do que os que dependem da recuperação
da renda, como vestuário.
" Os setores que mais cresceram na Pesquisa Industrial
Mensal do IBGE são também os que mais empregaram',
disse Macedo.
O Rio de Janeiro continua na lanterninha da reação
industrial. Das áreas pesquisas, apenas Rio e Pernambuco
não apresentaram um saldo positivo na criação
de empregos na comparação de junho com igual
período do ano passado. No Rio, a variação
foi de -3,7% e em Pernambuco -5,8%.
"O destaque positivo do Rio foi o desempenho da indústria
de meios de transporte (25,1%). Mas esse resultado não
foi suficiente para compensar o desempenho negativo da indústria
local de bebidas (-7,7%), vestuário (-11,6%) e produtos
de metal (-35,8%)", disse o economista do IBGE.
Os locais em que houve mais crescimento de emprego foram
Minas Gerais (4,6%), Paraná (4,4%), Centro Oeste (4,2%)
e São Paulo (1,1%).
O número de horas trabalhadas também cresceu
em junho. Na comparação com maio, o aumento
foi de 0,9% e em relação a junho do ano passado,
de 2,1%.
No semestre, o Rio também apresenta saldo negativo
de vagas (-3,9%), assim como São Paulo (-0,5%). Já
em Minas, houve crescimento (3,6%), assim como no Norte e
no Centro Oeste (2,8%).
Para Marcelo Neri, da FGV, a meta de criação
de 10 milhões de empregos, estipulada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ainda durante a campanha
eleitoral começa a parecer factível.
LARISSA MORAIS
do Jornal do Brasil
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