Filósofo,
matemático e pedagogo, Antanas Mockus assumiu, em 95,
a prefeitura de Bogotá e, em meses, determinou que
bares fechassem mais cedo para reduzir riscos provocados pelo
álcool. Apanhou não só dos amantes das
noitadas, mas porque a medida parecia sem importância
numa cidade convulsionada pela guerra de quadrilhas, com 4.300
assassinatos por ano.
No auge da polêmica, ele levou um grupo de jovens ao
cemitério; era exatamente o número dos que teriam
morrido, segundo os cálculos da prefeitura, sem a "lei
seca". Tirou uma foto deles na frente das covas e lembrou
que, naquele momento, já estariam não em cima,
mas debaixo da terra. Virou a opinião pública
a seu favor. "O crime é o resultado do fracasso
da pedagogia." Por causa dessa idéia, tratou de
adotar ações para mudar a cultura do morador
e, assim, gerar um ambiente mais pacífico.
Não foram poucos os que o chamaram de "louco"
e "palhaço" quando ele contratou mímicos.
"O trânsito, com seus inúmeros acidentes,
era o melhor reflexo de nossa selvageria." Os motoristas
não tinham o hábito, por exemplo, de respeitar
a faixa de pedestres. E, aí, entravam os mímicos,
fazendo brincadeiras com os transgressores, obviamente constrangidos.
As multas viriam mais tarde. A prefeitura distribuía
centenas de milhares de cartões que mostrassem aprovação
e desaprovação.
"Rapidamente, as pessoas, em vez de xingar ou de sequer
reclamar, mostravam os cartões. Crianças aprenderam
a vaiar quem avançasse na faixa."
Para que todos visualizassem os traumas de trânsito,
Mockus mandava pintar cruzes no asfalto exatamente no local
em que ocorriam os acidentes. Criou o hábito de divulgar
todos os meses, sem exceção, a estatística
de homicídios na cidade, acompanhada pela opinião
pública como se fosse resultado do campeonato de futebol.
Tal atitude educativa, segundo ele, deveria ser levada para
atividades da cidade. Os centros de recuperação
de jovens infratores são tidos como modelo mundial
-extremamente focados na aprendizagem e administrados por
uma entidade privada.
Coluna
originalmente publicada na Folha de S.Paulo,
editoria Cotidiano.
Veja o
que de semelhante acontece no Jardim Ângela:
Proibido
não conhecer o Jd. Ângela
Entenda
a experiência do Jardim Ângela
Experiências
na cidade de São Paulo que contribuem para a redução
de homicídios
|